
Meus queridos, tenho boas notícias.
Foi um dia longo, muito longo e cansativo. Cheio de expectativas, porque a consulta, que seria a partir das oito horas, só aconteceu por volta de uma e meia da tarde, já que o prontuário de V. havia descido para o que eles chamam de "mesa redonda". Nessa junta médica, estavam decidindo o procedimento a ser adotado daqui em diante. Estranhei, porque a indicação era a suspensão da radioterapia e tratamento à base de "quimioterapia branca", já a partir de hoje...
Mas aguardamos, pacientemente, em meio a crises de choro de V., que queria ir embora assim que chegou, só de imaginar o sofrimento que a persegue nos dias que se seguem à quimioterapia. Precisei ser forte para não chorar junto, e insisti que se ela queria ficar curada, era preciso passar pelo tratamento. Mas dói dizer isso, especialmente se você vê seu amigo sofrendo tanto.
Já passava de uma da tarde quando o Dr. Rodrigo, médico de V. e excelente oncologista, nos chamou. Ficou conosco por quase uma hora, conversando e tirando cada uma de nossas dúvidas. Nem sempre os médicos têm paciência e disponibilidade para tanto. E quando você encontra um profissional sensível e humano, além de técnico, é preciso que ele saiba o quanto isso faz bem a um paciente. V. conseguiu ficar na sala, chorou, sim, mas recebeu carinho e atenção do seu médico, que ouviu de sua angústia, examinou-a, e abraçando-a disse aquilo que ela precisava ouvir.
Infelizmente (pra nós) o querido doutor estava em seu último dia no hospital, último dia no Rio de Janeiro... e foi a coisa mais linda quando V., com lágrimas nos olhos, lhe disse que ele havia feito a diferença na vida dela, ao tratá-la tão bem, desde o primeiro dia. E ainda pediu que dissesse a sua mãe que ela havia conseguido alcançar seu objetivo, porque toda a mãe ficaria orgulhosa de saber que tem um filho que pode fazer a diferença na vida das pessoas. Muito emocionado, tornou a abraçar V., disse que estava também quase chorando, e que coisas assim é que faziam valer a pena o desafio que é trabalhar na área de oncologia.
Por fim, está definido que V. fará um tratamento associado de radioterapia e hormonioterapia, que não traz nenhum daqueles terríveis efeitos colaterais causados pela quimio que ela estava fazendo. Por isso, saiu de lá mais animada, eu vim cantando, no carro, e combinando que a partir de agora podemos até marcar uns passeios ao shopping. Coisa de mulherzinha...
Muito grata a todos vocês que durante o dia de hoje dedicaram seus pensamentos à saúde de V.
Vocês foram carinhosos e sensíveis a sua dor. E Deus ouviu as orações.