sábado, 6 de janeiro de 2007

Eternamente responsável


O PEQUENO PRÍNCIPE
(Antoine de Saint-Exupéry)

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessiddade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...

Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então será maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...

A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!

13 comentários:

Anônimo disse...

nunca me candidatei a miss de porcaria nenhuma ( nem a miss segura...piadinha velha e tosca, eu sei) , mas eu li o Pequeno Príncipe...hohoho.....

vc me cativou! serás eternamente responsável por mim. e se porventura eu tiver te cativado cuidarei de vc sempre, querida...o tempo e a hora que precisar!

ando meiga mesmo, viu?

Alba Regina disse...

meu pequeno príncipe foi tão lido q tá todo remendado com durex ...mas minha frase predileta é: " o que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar ... " pág.79 ... existem muitas visões neste livro. e elas se mostram pra gente a cada vez q o lemos. pra lá de louco isso viu?! beijo!!!! ^^

Felipe Silva disse...

O pequeno princepe foi o primeiro livro que li quando criança. Ganhei ele quando tinha 6 anos e só fui ler de verdade com 9 ou 10 anos, antes eu me contentava com as figuras. Já o li umas 5 vezes desde então... cada vez entendendo mais coisas e esse trecho é o ápice, a síntese do livro todo... realmente, nos tornamos eternamente resposáveis por aquilo que cativamos...

Bjosssssss e ótimo fim de semana... mesmo que seja com chuva, mas pelo menos já o colorimos.. hehehehe

Anônimo disse...

Um livro para a vida. Acho que já se tornou, mais do que um clássico, intemporal.

Suzi disse...

Eu também li, Moniquete. Um livro que sempre me impressionou...

E trate mesmo de cuidar de mim eternamente, porque você também é reponsável por mim...

(você anda mesmo muuuuito meiguinha, sabe? nada como... deixa quieto!)

;o)

Suzi disse...

Pois é, Albinha,
há muitas visões; cada leitura, uma interpretação, um prisma.
É fantástico! Loucamente fantástico.

beijos!

Suzi disse...

Felipe,
cada vez que o lemos descobrimos novos enfoques. É realmente um mistério, isso!

Beijo!

Suzi disse...

É, Miguel. Um livro de ontem, de hoje e de sempre. Quando crianças, o lemos como criança. na adolescência, entendemos como adolescentes. Adultos, tornamos a lê-lo e então continuamos fascinados. Tornamos a aprender e a apreender aquelas lições do principezinho.
Incrível!

Beijo! E boa noite.

Anônimo disse...

Pois é..então tá, somos responsáveis.
lindo domingo, bunita
beijosssssssssss
"- Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!
E um pouco mais tarde acrescentaste:
- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...
- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?
Mas o principezinho não respondeu."

Suzi disse...

Nossa, Marcinha...
cada trecho lindo, não é?
Ficaríamos aqui dias e dias, cada um de nós transcrevendo textos marcantes do livro. É mesmo muito encantador...

Beijos, loirinha-queridinha!
;o)

Miguel... disse...

Esta é a minha paerte preferida em toda a história...

Miguel... disse...

Esta é a minha paerte preferida em toda a história...

Suzi disse...

Qual, Miguel? A que a Clarinha transcreveu?