Eu convivi pouco com meus avós. A vovó Biu vivia em Recife e eu só a encontrava nas férias, quando podíamos. Mas tenho imagens vivas, até hoje, da sua risada gostosa, e de que se balançava toda, quando ria. Minha vó Dina morava aqui; também se foi quando eu ainda era criança, e são poucas as lembranças. Do meu avô Graciliano, o "Seu Graça" é de quem mais tenho recordações. Era um vovô querido, como devem mesmo ser os vovôs. Fingia que aprendia a ler comigo; lembro-me de dar aulas pra ele na garagem, escrevendo com o dedo na parede. Havia um pé de tomate na sua casa e a gente colhia pra brincar de casinha. Até hoje eu sou vidrada em tomates! Vendia e consertava panelas de alumínio. Trabalhou caminhando por muito anos, panelas penduradas nos ombros. Gostaria de tê-lo, ainda, por perto... Gostaria que ele visse que sua professorinha se tornou professora de verdade, se especializou, que educou crianças e que depois seguiu seu caminho, ajudando a fazer justiça em favor de trabalhadores que, como ele, labutam sob sol e chuva, sérios e dedicados. Acho que ele teria orgulho de mim, como eu tenho dele.
Saudades dos meus avós... e até daquele que não conheci.