Sem qualquer pedantismo. Até porque não tem nada em inglês aqui (piadinha interna. rs*).
É só pelo gosto:
Pequenas (e necessárias) lições de Português (do Brasil):
* Nosso idioma é o Português; não a "Língua Portuguesa".
* Há diversas formas de grafar "porque" - esta, por exemplo, é uma delas. E este, por exemplo, é o maior bloqueio do brasileiro, ao que me parece. E eu não sei por que. Também não sei o porquê. Você sabe por quê? Porque, repito, eu não sei.
# "Porque", assim, juntinho, é usado em respostas a perguntas, ainda que elas não tenham sido feitas... Por exemplo: "Eu não fiz a prova de Português porque não estudei." Ninguém me perguntou nada, mas eu falei e pronto. Mas se me perguntassem, a resposta seria a mesma e grafada da mesma forma.
# Perguntas como "Por que você não estudou Português?" exigem o uso do "por que" separado. É o mesmo caso de perguntas indiretas: "Eu não sei por que você não estudou Português." Neste caso, uma boa dica é você substituir o "por que" por "por qual razão", "por qual motivo" ou "a razão pela qual", "o motivo pelo qual", qualquer um desses serve. Substituiu, deu o mesmo sentido, então é caso de "por que", separado. Pense assim: "por qual" não se escreve separado? Então, esse "por que" aí também.
# "Por que" separado também será sempre usado quando você puder substituir a expressão por "pela(o) qual". Exemplo: "Joãozinho não estudou Português, razão por que faltou à prova." Mesmo sentido? Então o "por que" é separado. Fácil, não?
# Se na sua pergunta o "por quê" vem no final da frase, rola um acento circunflexo no "e": "Ele não estudou isso por quê?"
# E, por fim, se você quiser saber o "porquê" dessa explicação toda, use o "porquê" assim: junto e com acento. Você está "substantivando" a palavrinha. Então, facinho-facinho: teve um artigo definido antes do "porquê" (o/a, os/as), tasque o acento e escreva a palavra juntinha: "Você sabe muito bem o porquê disso tudo. É para sua escrita ficar bonita e não confundir as pessoas que lêem." Final das contas, todos sabem "o porquê" e "os porquês".
Sacou? Não? Por quê??
* A palavra é "paralelepípedo"; não "paralepípedo". Prefira asfalto, na sua rua, ou fale bonitinho, ou mude de endereço.
* Se havia "muita gente", você pode dizer que havia "bastante gente". Mas se havia "muitas pessoas", o certo é dizer que havia "bastantes pessoas". É! Isso mesmo! Bastantes. Bastantes. Além de ser o correto, é superchique falar assim, já que poucos sabem e você pode até tirar uma onda na prova de redação, mesmo sem ter estudado nada. O examinador de qualquer concurso público vai achar o máximo. Afinal, as redações, nos concursos, são corrigidas por professores de Português, mesmo que a vaga seja para juiz, médico, arquiteto, analista de sistemas...
* A propósito, quando o verbo "haver" puder ser substituído por "existir", ele não varia. Exemplo: "Havia bastantes pessoas sem paciência para ler este 'post'..." Você poderia muito bem dizer: "Existiam bastantes pessoas..." Então, nada de variar o "havia". Mas atenção! Se você for usar o verbo existir, lembre-se que a regra de não variar só se aplica ao verbo "haver". Ai, ai, ai...
Se o verbo "haver" tiver qualquer outro sentido, como, por exemplo, o de "considerar", "julgar": "Nós o havemos por inteligente", naturalmente há que se fazer a concordância. Imagine dizer: "Nós o há por inteligente". Uia! Ficou claro agora, não? É quase uma questão estética!
* Nunca misture os pronomes de tratamento. Ou fale "você", o tempo inteiro, ou use o "tu" (característico da região sul do país e da terra-mãe), mas trate de estudar conjugação! Isso vale para a linguagem escrita e para a linguagem formal. No Rio de Janeiro, por exemplo, o que vale mesmo, entre amigos, é o "tu vai lá em casa no fim-de-semana, peixe?" (sendo que o "peixe" tem suas variações: "cara" - usado para homens e mulheres -, "mané", "maluco(a)", "doido(a)", "perua", "zé", "cabeçuda(o)", "cabeça", "mermão"... Ah!, de qualquer modo, formal ou coloquialmente, abomine o tal do "é nóis". Porque aí já é demais!
A licença poética também permite que se façam versos com "tu" e "seu", "você" e "teu", misturados. Mas saca bem que isso é licença poética. Coisa pra Chico, Vinicius, Toquinho... Pagodeiro, absolutamente não!!!
* Não inicie frases com pronomes pessoais na forma oblíqua: "Me diga uma coisa...", "A encontrei no meio do caminho.", "Lhe disse isso há muito tempo!", "Te amo". Pois é... "Te amo" só mesmo se for licença poética. - E acabamos de tratar desse assunto. Além dos pagodeiros, funkeiros também não têm licença poética. Você, falando baixinho, só pro seu amor, pode. Mas... - Prefira: "Eu te amo". Ou então, faça diferente e bonitinho: "Amo-te, amo-te, amo-te!!" Eu gosto. Quem não gosta??
* Nunca diga nem escreva algo do tipo "Aquilo que falava-se dele não é verdade." Primeiro, porque você nem sabe mesmo se é ou não é verdade. Vai pôr a mão no fogo?? E, depois, caso queira mesmo arriscar-se a afirmar algo assim, fale/escreva corretamente: "Aquilo que se falava dele não é verdade." O "que" atrai o "se", ok? Sempre. O "não", o "jamais", o "nunca" têm o mesmo poder: "Não se ouve falar de gol do Vasco há muito tempo." Não pague o mico de dizer que "não ouve-se falar..."; podem duvidar, e isso não seria justo.
* "Pôr" - o verbo - leva acento circunflexo quando for sinônimo de "colocar", "introduzir", "botar". Aquela partícula "por", chamada "preposição", não leva acento. Não troque um por outro. Ou eu vou pôr você no rol daqueles que trocam alhos por bugalhos.
* "Essencial", "conseqüência", "exceção". É assim que se escreve e acabou. Decore, apenas. Não precisa tentar entender. Decore e não erre.
* Quando alguém tem o seu direito de ir e vir lesado ou ameaçado de lesão, a ação própria é o Habeas Corpus. Por favor, não é Corpus Christ. Pelamordeseusfilhinhos!!!
* Por falar nisso, Habeas Corpus não é Português, mas trata-se da língua-mãe e é por isso que aparece nesta postagem... Palavras em latim devem ser grafadas em itálico, ou em negrito, ou "entre aspas", ou, ainda, sublinhadas uma a uma. Portanto, se for para sublinhar, não escreva Habeas Corpus; o correto é Habeas Corpus. E não acentue, como fazem os jornais. Não se trata de Hábeas Corpus. Em latim não há acentos. E isso nunca foi Português, tampouco "forma aportuguesada" da expressão. Também não cumule os destaques: "Habeas Corpus".
* Tem/têm. O "tem" é para o singular. "Têm", para o plural. Exemplos: "Ele tem um sorriso lindo." "Eles têm amor pra dar e vender." Percebe que a concordância é com o sujeito? Então, "Ele tem umas flores", "Eles têm umas flores" e "Eles têm uma flor".
* A mesma regra serve para o verbo VIR. Ele vem/eles vêm.
* Quanto ao verbo VER, é difícil, mas é preciso não errar. Porque soa muuuuuito mal o uso equivocado. Para os casos ("futuro do subjuntivo", é o nome da criança) em que for falar "quando...", não use, absolutamente, "VER". Use "VIR". Note: "Quando ele vir o tamanho do estrago no carro..." Pois é. Soou estranho, pra você? Acredite que soa muito pior para quem sabe o correto e ouve o errado. Então, a partir de agora, quando/se tu vires isto escrito errado, em algum lugar, apressa-te em corrigir.
* Curiosamente, no Rio de Janeiro, o tratamento informal "exige" o uso de "você", em lugar de "tu", que nos soa clássico demais para o despojamento carioca. Mas quando estiver falando com portugueses, facilite o entendimento - "você" praticamente não existe, na língua dos nossos queridos patrícios ou é tão formal quanto o "tu" para os cariocas - e trate-os do jeito deles. Ou pelo menos faça um esforço. É uma gentileza e um carinho. Mas estude concordância, conjugação, essas coisas. Ou será uma agressão...
Traduzindo:
Curiosamente, no Rio de Janeiro, o tratamento informal "exige" o uso de "você", em lugar de "tu", que nos soa clássico demais para o despojamento carioca. Mas quando estiveres falando com portugueses, facilita o entendimento e trata-os do jeito deles. Ou pelo menos faze um esforço. É uma gentileza e um carinho. Mas estuda concordância, conjugação, essas coisas. Ou será uma agressão...
E vai pegar muito mal.
* Boa dica para quando usar "mal" ou "mau": pense nos antônimos (antônimo é "o contrário", lembra? rs*). Bom/Mau; Bem/Mal. Pense que o mal com "l" tem a ver com o "e" do bem. Na letra cursiva (letra "de mão", lembra? rs*), é só fazer o "e" do "bem" bem grandão, bem mais alto, e ele vira um "l"; logo, se eu puder substituir o "mal" por "bem", o "mal" é com "l"; se só fizer sentido como sendo o contrário de "bom", o "mau" é com "u".
Exemplos:
"Ele é um garoto muito mau/bom".
"Neste restaurante come-se muito mal/bem".
Apareceu a dúvida, pensa rápido!! "Mal" de "bem" é com "l"; "mau" de "bom" é com "u".
* "Alisar" vem de "liso"; portanto, grafa-se com "s".
* "Analisar" vem de análise; portanto, grafa-se com "s" também.
* "Paralisar", paralisação; grafa-se, igualmente, com "s". Nos três casos pense sempre no "liso". Você nunca imaginou escrever "liso" com "z"... Então! (ou pensou??)
* Agora pasme! Existe o verbo "lizar". Mas isso é outro papo, e a não ser que você trabalhe com fios e tecidos... Fique tranqüilo porque provavelmente você não vai precisar desse verbo. Talvez precise, exatamente agora, do verbo "descansar".
Então vá.
(se você leu tudo, chegou até aqui... u-au! merecia um prêmio!)