segunda-feira, 28 de maio de 2007

A gente quem, cara pálida??

Desgostei um pouco da Martha Medeiros depois que li seu mais recente (ao que eu saiba) livro de crônicas. Dos seus textos, na Revista, eu sempre gostei, o que me levou a comprar "Coisas da Vida". Mas há nele uma espécie de Martha Medeiros que eu nunca havia lido... E não encontrei uma crônica sequer que me fizesse pensar: "U-au!! É isso aí!!", como já aconteceu diversas vezes, em leituras anteriores. No máximo, li algumas coisas bacaninhas. Uma ou outra crônica que me fez rir ou que me emocionou. Para ser mais precisa, vou modificar a frase inicial deste post para "não gostei das idéias..."; afinal, "desgostei da Martha" é um pouco descabido. Ninguém desgosta de alguém assim tão rapidamente. No mínimo, há um empate técnico entre aquela que eu lia e a que acabo de ler. O problema pode estar mesmo na febre que eu estava sentindo enquanto folheava o tal livro.

O certo é que não gostei, por exemplo, de ler uma defesa velada dos políticos que fazem declarações que não fariam se soubessem que o microfone está ligado - e por mais que eu admita que eu mesma não passaria incólume por um microfone aberto, estaríamos falando de mim como "pessoa-comum"; nessa condição, eu posso ser descuidada; eu, "agente público", eu, como "representante", não; não mesmo; não posso. Absolutamente. Então não me venha a Dona Martha ordenar "tolerância com os descuidados"!

Não gostei também do simplismo de frases que asseguram que "homens tementes a Deus e com empregos burocráticos... dão bons pais de família, bons médicos, bons carteiros e bons maridos, mas que não se queira exigir de um artista esse tipo de enquadramento", como se a arte exigisse drogas, becos, orgias, álcool e toda sorte de azar para só então se manifestar profundamente. Conheço maravilhosos artistas "caretas", autores de obras magníficas. Na música, nas telas de pintura, nas telas do cinema, no palco, nos gramados...

Não gostei de quando posa de lingüista e resolve nos convencer (e a mim não consegue) de que "trair" não se pode usar em casos de "infidelidade". Diz que trair é blá-blá-blá e que quando um cara sai com outra mulher que não a sua (ou a mulher sai com um cara que não seu namorado/marido), não está havendo traição, mas infidelidade, ou qualquer outra coisa. E dá mil definições (dela própria) passando pela deserção, inconfidência, definições comerciais e políticas para o verbo "trair", e esquece que confiança se trai, também... e que a confiança, a fidúcia, é um dos elos da corrente que une as pessoas. Ora, ora, abrisse um pequeno dicionário e já lá encontraria: trair - atraiçoar; enganar por traição; falsear; ser infiel a; denunciar; revelar; não cumprir.

Não gostei, tampouco, da "classificação" de "Farenheit 9/11" como propaganda política. Menos ainda quando a moça faz uma "sutil" ponte entre Duda Mendonça e Michael Moore. Tsc, tsc, tsc. Aí, eu fechei o livro.
Na próxima febre eu volto.


De certo modo, o que mexeu comigo foi um trecho de "Esperança Zero":

"Já tivemos militares no poder, civis no poder, sociólogos no poder - e o poder não muda, segue o mesmo. Amanhã poderemos ter mágicos, donas-de-casa, jornalistas, duendes no poder, e o Brasil não vai encontrar o rumo..." A moça quase me contagiando com essa tal "esperança zero", e aí vem ela de novo estragar tudo, quando diz: "Maria Rita, Daiane Santos, Ronaldinho Gaúcho, Walter Salles, Veríssimo, Chico Buarque, obrigada, porque é por vocês que a gente ainda respira, relaxa, sorri, tem fé, acredita."

MARIA RITA????? Ei!! A gente quem, cara pálida??

12 comentários:

Custódia C. disse...

A Maria Rita deixa-te mesmo com urticária, verdade?

Suzi disse...

kkkkkkkkkkk
É, Custódia!! Ainda mais quando eu me encontro em convalescença! Isso não se faz!!!
hohohoho!!

Beto disse...

Estou com pena da Martha Medeiros (nem leobro se tinha esse h no marta). Anyway, Maria Rita não rola...sua voz é muito bonitinha, coisa e tal, mas ela não me desce.

Melhor?
bjs

Mônica disse...

xiiiiiiiiiiiiiii... depois do teu comentário lá na bagaça no post de ontem e diante disso, tu tá amaarga mesmo.....

Suzi disse...

É, Beto, tem esse H inútil, aí. Deve ser coisa de numerologia. rsrsrsrs*
Pois é... Maria Rita como motivo para nos fazer respirar, relaxar, sorrir, ter fé, e acreditar... Poupe-me! E ao lado do Chico??? Valha-me!!!

Um pouquinho melhor, Beto. Aliás, bem melhor. Mas ainda não 100%. Isso é o cão!

Suzi disse...

Ah, Mumumu, fala sério! Eu?? "Feliz Aniversário" em nome das boas lembranças???
Fala sério!!
Merecia um mantra! Eu só não disse isso lá porque sei que o moço vai entender mesmo sem estar escrito. Ela é esperto da mente...
;o)

E a martha... como diria aquela
mulher que eu encontrei outro dia... "FRANCAMENTE"!!

Anônimo disse...

Não conheço a escritora, muito menos o livro. E uma dúvida, a Maria Rita é filha da Elis Regina?

Se não é, peço desculpa.
Tenho de melhorar o meu nível cultural!

Ainda bem que melhoraste!
Boa semana!*.*

Suzi disse...

Olá, Olga!
meio atrasada, mas hoje vou expressamente dar boas-vindas a você!
Você chegou no meio daquela minha virose horrorosa - que ainda não se foi por completo - e continuou aparecendo, com suas visitas diárias. Seja muito bem-vinda e continue por aqui, chegando e falando.

Quanto à Maria Rita, você está certa. É a filha da Elis. Tirando a voz, nem parece. Mas é.

Martha Medeiros é uma cronista. Escreve bons textos; mas digamos que eu não estava nem um pouco inspirada quando li esse tal de "Coisas da Vida"...
;o)

Bj!

Gioconda disse...

Eu não li nenhum livro dela até hoje e gosto razoavelmente de suas crônicas. Este lance de artista e empregos burocráticos eu concordo um pouco. Não vi desta maneira que vc viu (drogas, etc), mas que artistas devem ser livres para a sua arte. Só isso. Mas eu tb não li o livro.
Que bom que vc está melhor!!!!
bjs

Suzi disse...

É, Gio, o lance das drogas e tal, não foi conclusão minha; ela trata disso, mesmo. Falando sobre Cazuza, sobre o filme. Eu devo ter me deixado influenciar pelo cara que serviu de base para o texto, porque embora admita que algumas coisas do Cazuza são legais, eu não agüento aquela voz dele (kkkkkkkkkk) e não gosto do "burguesinho contestador". Não tenho a menor vocação para idolatrá-lo, e só acho mesmo que ele foi gatinho, quando tinha uns 20 anos. Só.

Enfim... rs*

Bj!

marta r disse...

É, às vezes acontece uma desilusão destas em relação a alguém que admiramos. Mas - alegra-te Suzi - a má impressão tende a desaparecer posteriormente. Porque uma andorinha não faz a Primavera...

Bjs e continuação das melhoras!

Suzi disse...

Más impressões e febres, mais cedo ou mais tarde desaparecem mesmo, Martinha.
rs*

Continuo no caminho para a melhora. Eu chego lá!
:o)