sábado, 27 de setembro de 2008

Feliz Sábado!!

Vou avisando de cara: é um texto grande. O post vai ficar imeeeenso, e eu nem sei se a história é verdadeira. Provavelmente, é uma parábola. Eu não ligo, porque pra mim, neste caso, o que conta é a velha "moral da história", que é a seguinte: NUNCA SUBESTIME A MARCA QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS.

Quem puder gastar um tempinho, leia. E se for manteiguinha derretida que nem eu, já vá pegando um lencinho...

Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.
Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.

Minha primeira experiência pessoal com esse gênio-na-garrafa veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo.
A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia.
Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido, até que pensei: o telefone!

Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente à cômoda da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu disse:

- "Uma informação, por favor".
Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido.
- "Informações."
- "Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.
- "A sua mãe não está em casa?", ela perguntou.
- "Não tem ninguém aqui...", eu soluçava.
- "Está sangrando?"
- "Não", respondi. - "Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo..."
- "Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou. Eu respondi que sim.
- "Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz.

Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philadelphia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas.

Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável.
Eu perguntava: - "Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"
Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:
- "Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..."
De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.

No outro dia, lá estava eu de novo.
- "Informações.", disse a voz já tão familiar.
- "Você sabe como se escreve 'exceção'?"

Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico.

Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia àquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala.

Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saíam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo.
Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo às ligações de um molequinho.

Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos.
Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi:

- "Uma informação, por favor."
Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo:
- "Informações."
Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: - "Você sabe como se escreve 'exceção'?"
Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave: - "Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul."
Eu ri.
- "Então, é você mesma!", eu disse. - "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo."
- "Eu imagino", ela disse. - "E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse."

Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã.
- "É claro!", ela respondeu. - "Venha até aqui e chame a Sally."

Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu: - "Informações."
Eu pedi para chamar a Sally.
- "Você é amigo dela?", a voz perguntou.
- "Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul."
- "Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas."

Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:
- "Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?"
- "Sim."
- "A Sally deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler pra você."

A mensagem dizia: "Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender."
Eu agradeci e desliguei. Eu entendi...

NUNCA SUBESTIME
A MARCA QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS.

16 comentários:

Amigao disse...

Manteguinha derretida eu?Consegui passar pelo ultimo páragrafo sem chorar.

Bela mensagem neste sábado.

Beijão do amigão e feliz sábado pra você, sua familia e seus amigos.

Anônimo disse...

** Suzi...
** Essa foi tocante!
** Do tipo que tira uma leve sensação de "Caramba!! Isso não poderia ter acontecido!" de nós homens, acostumados a não nos comovermos a não ser por algo que ocorra principalmente em nosso contexto de vida real, por termos sido "adestrados" assim, desde a infância, mas que certamente trás lágrimas a corações femininos (onde a emoção sempre foi liberada!!)
** Fazer o quê? Esse é o nosso mundo!
** rsr...
** Ótima história!!

Anônimo disse...

Noossa, Suzi, que lindo!!
Eu estou aqui com lágrimas nos olhos, imaginando uma pessoa que me marcou bastante, ou tantas outras pessoas que me marcam nesse nosso mundo virtual. Saudades inexplicáveis, vontades de abraçar, de beijar... Hoje em dia não se tem um telefone preto, mas temos um monitor, um blog, um msn... Amizade é real em todos mundos!!!
Lindo deeemais!!
Feliz Sábado, qrida!!!!

*espero vc lá no Amigão!!
Tem Jader Santos lá tbm!!
Beijoos

Anônimo disse...

Pô! É pra começar o sábado chorando? Tá...conseguiu.
Que lindo isso bunita, lindo.

feliz dia querida
beijos

Suzi disse...

Pois eu choro todas as vezes que leio, Amigão. To-das!
;)

Beijos de feliz sábado pra você também! Pra você, sua família, seus e nossos amigos!

Suzi disse...

Marcos, o "Caramba!! Isso não poderia ter acontecido!" é quase como um choro. Eu sei. rs*

Feliz Sábado!

Suzi disse...

É, Marcinha. Pra começar o sábado lembrando que sempre deixamos u'a marca na vida das pessoas, de um jeito bom ou ruim. Cabe a nós escolher...

Feliz sábado!

Suzi disse...

É, Su. Isso é uma bênção e uma responsabilidade! A marca que a gente deixa na vida das pessoas é eterna; quase uma cicatriz; que pode trazer boas ou más recordações. A história é linda, não? E inesquecível. Duvido que você consiga esquecer...

Beijos e Feliz Sánado.
Vou lá, ler você e o Jader Santos!
:o)

Mônica disse...

a Qualy aqui derreteu....

Suzi disse...

Papel toalha, pra absorver a gordurinha da Qualy...

Janaina disse...

Ahhhhhh eu conheciaaaa!!!
E toda vez que eu leio, moooorrroooo de chorar. É igual aquelas histórias dos cachorrinhos: uma é um diário e outra é um que tem a perninha manca. Ai, como eu choro. Fala sério.

Éverton Vidal Azevedo disse...

Nao sou manteguinha nao... Mas me arrepiei todo rsrs.

Bj Suzi!
Feliz sábado!

Suzi disse...

Pois eu não conheço nenhuma das duas, Jana...
:(

Suzi disse...

Pois é, Éverton. Os meninos, mais contidos, só choram por dentro. rs*

Bom domingo!

Thais disse...

Tô emocionada! *-*

Sem chorar, mas com arrepios! Que lindo :D

Suzi disse...

E foi você, Thaís, com seu papo de distrair as crianças na sala de espera do consultório quem me "inspirou" a trazer pra cá essa "história de arrepiar"!
;o)

Bj!