quarta-feira, 31 de maio de 2006

Pra começar bem, vamos recitar Mario Quintana

Se eu fosse um padre
Mario Quintana

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!



Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo.

2 comentários:

Mônica disse...

como eu disse hoje lá na bagaça: tio mario sempre perfeito!

Suzi disse...

"Segundo Érico Veríssimo, Mario Quintana não era somente um poeta; era, na verdade, um anjo disfarçado de homem que, às vezes, ao vestir seu casaco, se descuidava, e suas asas ficavam de fora."

Olha que coisa mais linda!!!