Se eu fosse um padre
Mario Quintana
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!
Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo.
2 comentários:
como eu disse hoje lá na bagaça: tio mario sempre perfeito!
"Segundo Érico Veríssimo, Mario Quintana não era somente um poeta; era, na verdade, um anjo disfarçado de homem que, às vezes, ao vestir seu casaco, se descuidava, e suas asas ficavam de fora."
Olha que coisa mais linda!!!
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