sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pelo Dia dos Namorados


A namorada
Manoel de Barros

Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.

Manoel de Barros in "Tratado geral das grandezas do ínfimo",
Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, pág. 17

Imagem DAQUI

Um comentário:

Márcia(clarinha) disse...

Manoel de Barros o cantador de ternura...

Feliz dia bunita,
beijos