sábado, 5 de julho de 2008

Feliz Sábado!!

Você vai ler uma crônica da Cora Rónai, publicada no blog internETC.
E depois, eu duvido que você, de coração aberto, não vá encontrar um jeito de fazer com que o seu sábado seja um dia feliz! E aí, no embalo, aproveite para fazer feliz o sábado de alguém que esteja perto ou longe de você, seja um amigo ou alguém desconhecido! É simples. Você vai ver! Pode acontecer sem que você nem se dê conta...


Jesus no 464 - por Cora Rónai (um relato da Leila)

"A primeira vez que vi cabras azuis foi da janela do ônibus, indo de casa para o jornal" — escreveu a Leila num comentário lá do blog. —"Aliás, muita coisa importante na minha vida aconteceu assim. Foi da janela de um 464 que vi pela primeira vez uma colônia de gatos de rua no parque do Museu Carmem Miranda.

Foi num 464 que vi Jesus, ele entrou no ônibus ali na São Clemente, fez alguns milagres e desceu no Catumbi (até hoje não consigo contar essa história direito, mas aconteceu).

Enfim, lá ia eu para o jornal, tinha uma obra, acho, o ônibus entrou numas quebradas no Catumbi e lá estavam elas pastando. Cabras azuis de botinhas pretas! Meu coração disparou, foi amor à primeira vista.”

Estávamos conversando sobre os bichos que gostaríamos de ter, mas o que chamou a minha atenção no comentário não foram as cabras azuis, mas a presença de Jesus num ônibus carioca. Publiquei o comentário com o merecido destaque. A turma que bate ponto no blog adorou, e começou a cobrança:

— Leila! Não importa o que você toma, eu quero dois! — escreveu a Marcela, da Gávea.

— Ou conta a história ou conta o que você toma! — mandou a Marise.

— É, acho que ônibus é código — concordou o Tom.

Depois de um suspense de dois dias, a Leila voltou e respondeu. E todos ficaram muito emocionados, mesmo os incréus, porque sabemos que a vida tem momentos mágicos:

“Eram umas duas, duas e meia da tarde. Era um dia bonito, sol sem calor. Morava no Leblon e ia para o trabalho, no Centro. O ônibus era um 464, acho. O ônibus parou no último ponto antes da Praia de Botafogo, entrou mais gente, e a voz perguntou ao motorista:

— Comandante, posso pegar uma carona?

A voz era cheia, firme, equilibrada, mais para o grave, magnífica. Tive que olhar. Era um hippie. Um cara louro, cabelos no ombro, rosto bonitinho, cabelos mais para o liso, carregava aquelas coisas de veludo cheias de bijuteria artesanal. Magro, um metro e setenta.

Ah. Ele entrou, tinha um lugar vago, alguém perguntou:

— Não vai sentar?

— Não, obrigado. Já estou feliz por conseguir a carona.

Foi só isso, dito por aquela voz, aquela pessoa. Tudo mudou dentro do ônibus. Um homem levantou e deu o lugar para uma mulher que estava em pé. Duas moças se ofereceram para segurar embrulhos de pessoas em pé. Uma pessoa ao lado dele começou a puxar conversa. Ele respondia com frases comuns, contando de uma vida comum. Atrás de mim duas senhoras começaram a conversar. Ao lado as pessoas sentadas começaram a conversar.

Aqui começa a ser difícil de explicar. O que posso falar é um baita lugar comum. Só existia amor. O ar ficou leve. As pessoas conversavam felizes. Quando entrou uma velhinha, dois homens se levantaram para dar lugar.

Eu me sentia como em alguns sonhos que já não tenho faz tempo. Nesses sonhos eu ia a uma fazenda em uma ilha. Lá não existia medo, desconfiança ou raiva, só uma sensação de felicidade absoluta.

Era assim ali no ônibus. Quando saímos do túnel Catumbi-Laranjeiras ele disse ao motorista que ia descer, agradeceu a todo mundo pela conversa e pela carona. Meu coração estava disparado. Pensei em descer, correr atrás dele e perguntar o que fazer da vida daí em diante. Nah, sua doida, você já foi hippie faz tempo. As respostas não estão com ele.

O ônibus andou. Olhei pela janela. No chão da pracinha, um monte de folhas e restos de legumes da feira que tinha acabado. E carneiros. Sim, carneiros. Muitos carneiros felizes, comendo as folhas no chão. Carneiros pastando no Catumbi. Não eram carneiros branquinhos de foto de catecismo. Estavam com a lã bem sujinha até. Jesus tinha acabado de virar a esquina.”

daqui

7 comentários:

Nessita! disse...

que linda essa história, Suzi! sabe que eu acredito que Jesus, anjos e seres fantásticos às vezes vêm ao nosso mundo para espalhar um pouco de amor e felicidade, é só a gente dar a chance.

texto maravilhoso para começar o sábado!

bjus!

Nina Souza disse...

Nossa... que linda história viu...

É engraçado o poder multiplicador dos sentimentos né???

Uma palavra de bem e tudo muda. Uma palavra mal dita, e tudo piora.

Fazendo um paralelo, o 464 de vez em quando tem hippies mesmo, eu sempre pegava ele quando morava em Fátima, até ano passado. E eu gosto de observá-los, eles tem um jeito leve e uma simplicidade imensa... só de observar, vc já se questiona... porque correr tanto, porque se aborrecer tanto, porque tantos porquês...

beijos linda, muito bom voltar e ler logo de cara uma história dessas da simplicidade do dia a dia. :)

Amigao disse...

Simplicidade é uma coisa que eu gosto muito.Coisas simples que esconde valores importantes.
Eu gostei muito disso.
Feliz Sábado pra vc tambem

Anônimo disse...

Ai, que maravilha, falta-nos tanto amor para que o ar fique leve e a paz reine, né bunita?
Eu creio em Jesus e o sinto por perto todo momento.

lindo domingo querida
beijos

O Equilibrador de Pratos disse...

Oi, tudo bom?
Adorei o blog. Tu tem o "dom" da escrito. É fato. Inclusive acho que tu gostarás do nosso blog também, pois é um espaço onde falamos desse Universo chamado "Homens & Mulheres" de uma maneira totalmente nua e crua. Sem máscaras. Com experiências próprias, idéias, teorias, etc. Dá uma passada lá e vê o que tu acha, ok? Te aguardarei. (Jurandir)

O Equilibrador de Pratos
"O que os homens pensam?"
Relacionamentos. Teorias. Discussões. Comentários. Mulheres. Sexo. E pratos equilibrados em varinhas. Bem-vindo à vida real.

www.oequilibradordepratos.blogspot.com

Questão Fundamental disse...

Esse mundo está mesmo precisando de muito otimismo para sair do buraco em que se encontra!

Estava Perdida no Mar disse...

Nossa, Suzi...eu vim aqui por acaso hj, imaginei ler só um parágrafo do texto e fazer um comentário qq, mas foi impressionante como este texto mexeu comigo. E as pessoas ainda não conseguem crer q podemos mudar o mundo. Atitudes simples assim...apenas o amor. Nada mais.
Obrigada por este post maravilhoso.
Beijos