sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Programa de Quinta-feira



A manhã e a tarde de quinta-feira nós passamos no Jardim Zoológico. Precisávamos levar os pais de M. para passear. Algum lugar que os distraísse, os fizesse rir um pouco; que lhes colocasse em contato com a Natureza e com Deus. Perder um filho, você sabe, não é nada fácil; é como se lhe arrancassem do peito o seu próprio coração, eu imagino. É uma dor cruel, eu percebo.

E ali estávamos nós. À alegria e à irreverência dos macacos e chimpanzés, à beleza do condor de asas abertas, ao charme dos pavões e da girafa, juntamos nossa admiração. Mas em mim havia um misto de respeito e tristeza, porque existe a dor de ver animais confinados. Um sol de quase 40 graus e pingüins expostos, bichinhos procurando sombra... a água disponível para banho igualmente exposta ao sol e, portanto, incapaz de refrescar os animais... Saí achando que Zoos não deveriam mais existir. E que os restaurantes localizados dentro do Parque deveriam servir, necessária e exclusivamente, comida vegetariana.

Às 17h30min eu estava saindo de Copacabana. Às 19h40min eu ainda estava na Barra da Tijuca. Misturavam-se, aqueles que voltavam do trabalho, com aqueles que já pegavam a estrada para sair da cidade, e com os que íam ao shopping, às compras e ao "Cirque du Soleil". Um caos.

De repente, toca o telefone. Era M. que havia ganho de presente três ingressos de cadeiras especiais no Maraca, para ver o Jogo das Estrelas. O presente foi na intenção de nos animar, em meio à tristeza que tomou conta de nós desde o dia 24. E o A. acertou em cheio, pois precisávamos mesmo de alguma coisa como aquela festa. E estava ali um jeito de sair daquele engarrafamento-monstro pra uma coisa melhor que ir pra casa dormir. Nem pensei duas vezes; aceitei o convite e não me arrependi.

Zico deu show. Jogou, mais uma vez, os 90 minutos. Saiu uns 5 antes do apito final, para nos dar a chance de gritar num grande coro: "Hei! Hei! Hei! O Zico é nosso Rei!", e receber os aplausos de um Maracanã lotado com mais de 40 mil pessoas!
Só mesmo o Zico! Um espetáculo, com a participação especial da maior torcida do Brasil, a mais irreverente do mundo!


Toda a cobertura da partida você pôde ler nos sites, nas revistas e nos jornais, mas a emoção e o divertimento, mesmo, só quem esteve lá para ouvir coisas do tipo:
"Ô... Obina é melhor que o Eto'o! Obina é melhor que o Eto'o! Obina é melhor que o Eto'o! Ôoooo!" - "É... O Zico é melhor que o Pelé! O Zico é melhor que o Pelé! O Zico é melhor que o Pelé! Éeeeee!" - "Lá-lá-lá-lá-il! o Dinamite parece o Clodovil!" - a musiquinha do Renato Gaúcho (que jogou no time do "Flamengo 1987" e mesmo assim foi vaiado) - as "homenagens" à Ana Paula, a auxiliar que "bandeirou" uma porção de impedimento que não existiu, impedimento até do Zico... fala sério!

O Bradesco patrocinou o evento, e ao nosso lado havia uma torcida de camisas vermelhas, com bandinha e tudo, formada por bancários, provavelmente. mais uma vez a irreverência da torcida rubro-negra nos proporcionou um momento espetacular de risos: no final da partida, ouvia-se "Uh!! O Bradesco é pior que o Itaú! O Bradesco é pior que o Itaú! O Bradesco é pior que o Itaú! Uuuuuhhhhhh!"

E, por último, pra completar a seqüência, se não estava nas azuis especiais, você ainda perdeu a cena em que o repórter do SBT tentava gravar a matéria e esquecia o texto porque se preocupava mais com o cabelo. Não sei o nome dele, mas "Narciso" lhe cairia muito bem.
O moço gravava e regravava, e repetia e repetia, porque esquecia, porque ventava nos cabelinhos dele. E parava tudo para arrumar o cabelo. E voltava, e passava a mão nos cabelos... Até que uma hora, lá, completamente "sem-noção", esquecendo que estava diante da torcida do Flamengo, ele chega mais pertinho do câmera e o moço passa a mão nos cabelinhos do repórter, pra colocar no lugar. Ah, meu amigo... Pra quê?!! Você imagina o que aconteceu, né? A torcida não perdoa, meu querido. Não perdoa meeeeesmo! E se o moço não conseguia gravar, imagine depois dessa!
E eu não consegui mais parar de rir.

No final, a gente combinou: essa "fica só entre mim e a torcida do Flamengo", como se costuma dizer por aí.

2 comentários:

Amigao disse...

Quando li este post, fiquei com uma puta inveja de você.Zico, é melhor que Pelé.Sim sempre foi. Na minha época a torcida falava que Pelé era um "Zico negro"(digo, afro descendente).Aliás sobre este negócio de quem foi o melhor jogador do mundo, minha dúvida está apenas no terceiro lugar.Pois ainda nao decidi se o Maradona foi melhor que o Romário. rsrsrs
Jardim Zoológico, nunca curti isso.Nem me lembro de ter ido alguma vez.Sério.

Suzi disse...

Pois é, Amigão, você perdeu um jogaço!!!

Meu voto é do Zico e do Roma. Sem dúvida. E com Zico em primeiro e segundo lugares. O Pelé, como eu não vi jogar, fica com um modesto quarto lugar. hohohoho!!!

O Jardim Zoológico do Rio deveria ser fechado.