sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Sobre dores e temores

Às vezes queremos poupar da dor e da preocupação aqueles que mais nos amam... e deixamos de contar a eles das nossas dores, dos nossos temores. Não choramos nos seus ombros e não nos mostramos frágeis. Tentamos proteger quem perderia noites de sono preocupado conosco; tentamos blindar da dor que sentimos quem sentiria a nossa dor com mais intensidade até mesmo do que nós sentimos... Sabemos que o outro vai se importar tanto!, que mal poderá pensar em outra coisa, e então queremos evitar esse sofrimento. Não nos achamos dignos de ocupar as horas de sono do outro com os nossos problemas; não achamos justo permitir que alguém sofra porque estamos padecendo; não queremos amargar o coração do outro, porque sabemos o quanto se preocupará com o que nos aflige. 

Às vezes evitamos abrir o coração para quem mais nos quer bem simplesmente porque imaginamos que assim será menos sofrido pra todo mundo... É difícil entender, na hora da nossa dor, que aqueles que nos amam prefeririam sofrer o tempo todo conosco. Por isso nos perguntamos: "...mas seria justo?" E terminamos por poupá-los do que não gostariam de ser poupados. 

No final, de um jeito ou de outro, mais cedo ou mais tarde, todos sofrem. E talvez, se tivéssemos que recomeçar, talvez ainda assim fizéssemos tudo do mesmo jeito, sempre pensando em não levar preocupação para o outro. Talvez exatamente por saber que o outro é quem tanto nos quer bem...

Um comentário:

Hulem Martins disse...

Dividir nossos temores e fraquezas nos torna mais fortes e nos ajuda no processo de aproximação. Quando nos abrimos sem reservas e sem medos da reação do nosso interlocutor o sentimento de confiança aumenta e o grau de conhecimento se expande nos tornando ainda mais íntimos e amigos, criando um ambiente favorável à amizade e ao amor recíproco.