segunda-feira, 16 de junho de 2008

E agora, José?

De repente, o benefício da dúvida não se afigura um bem, mas um mal, e "no more doubts" é agora a certeza do não.
O inevitável acontece, mas você esperava, mesmo, pelo inesperável - que, incapaz de mover-se sozinho, não veio; pois, de resto, as coisas não mudam se você não mudar; ou não. E não digo das coisas e de sua constância - como se quanto a isso houvesse dúvida! É de você que se diz... e quero dizer: você muda; ou não.
E foi no instante em que o silêncio disse tudo que a inércia moveu os pensamentos. E aconteceu do riso fazer-se choro; e fez-se, do sonho, a desilusão; da esperança fez-se a ânsia; do querer, o desistir; do desejo, a expectativa; e a expectativa, desatinada, coitada, desaguou na frustração.
Foi-se o benefício da dúvida.
E nada aconteceu como se ousou esperar...
E agora, José?

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E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
(Drummond)


Sempre que chove, qualquer poema de Quintana vem sempre datado de 1779, enquanto minha alma chora, às vezes sem nem saber por que, sempre que chove.

7 comentários:

Éverton Vidal Azevedo disse...

"E agora José". É o meu impasse de todas as segundas, impasse que some antes do meio-dia, mas que na verdade nunca passa, e que só me fortalece (pois eu preciso dele).

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;


O texto é intrigante, pois sempre vi a dúvida como um bem, como uma catapulta que te lança até a escolha. Aí sim, ou você muda ou nao. Mas no caso desse texto, esta-se frente a um inevitável. Outro prisma, eu gostei.

Suzi disse...

Tudo o que não me mata, me fortalece.
:o)

deize disse...

Quisera ajudar...
Bjs.

Anônimo disse...

Também procuro entender pq minha alma chora qndo chove!!
Abraços...
Boa semana

Suzi disse...

Quisera dias de sol, Deize!

;o)

Suzi disse...

Pois é, Susanna... Vai entender...

cibele disse...

Ando aprendendo um bocado sobre isso, primuska.
Porque afinal se eu me dou ao trabalho (e que trabalho!) de mudar constantemente, como é que eu poderia suportar o comodismo? Já tentei e digo com propriedade: não vale a pena! Nem mesmo para o outro, pois suportar o comodismo é alimentá-lo, e impedir que o outro cresça.
Só sei uma coisa: quando a gente se posiciona, fica melhor, mesmo que doa, a gente fica bem. E eu quero crer que mesmo com a chuva e o choro você esteja assim, com esse bem que é maior do que outras alegrias passageiras dentro do seu lindo e enorme coração!
Te amooooo!!