sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ou é herança ou é imitação


Ela foi a precursora. Abriu caminhos. A primogênita. Quando a gente é criança/adolescente uma irmã mais velha é sempre um referencial. Não sei se a gente "herda geneticamente" coisas de irmã mais velha, mas que a gente copia eu não tenho dúvidas. Ainda mais sendo a caçula...

Dela, copiei o gosto pelas salas de aula, pelo salto alto, copiei a letra e até a idéia para a minha assinatura; copiei o gosto pelos "tons pastéis", especialmente pelos tons de marrom; e, já adulta, passei a copiar seu jeito silencioso de ser e o seu olhar reprovador, quando em 2003 vivi o pior momento da minha vida profissional.

O cabelo, os penteados, eu nunca pude copiar - seus cabelos são lindos, longos, lisos e pretíssimos; os meus são claros e cacheados. A musicalidade também não deu pra copiar. Quebrei um galho, com a flauta, mas fiquei mesmo só no canto; do piano eu desisti - e me arrependo - mas eu era uma aluna muito irrequieta e chego a pensar que ela desistiu de mim antes que eu desistisse das aulas, mas disfarçou bem. E como amor de irmã é incondicional, mesmo sabendo que eu sou "muito Romário", ela admite que eu entre em campo sem passar por todos os treinamentos, e se for preciso, treina comigo à parte, num esquema especial. Minha irmã nunca perde uma oportunidade de me chamar pra cantar. E sempre dá seus jeitos, quanto aos ensaios, num modo de me fazer lembrar os bons tempos de "Sol Maior", o grupo do meu irmão e que só tinha fera (à exceção da minha própria pessoa), razão por que só precisava ensaiar tipo a cada três meses, num dia inteiro de alegria. Ê, tempo bão!! Então, hoje em dia, pra me agradar, minha maninha ensaia comigo só o tempo suficiente. Manda a partitura ou o mp3 por e-mail e a gente ensaia até por telefone, em conferência, sem eu nem precisar sair de casa! Ela me deixa com a melodia, ou com a voz menos chata e complicada, escolhe as músicas certas, usa expressões do músico profissional da família, meu irmão, me diz: "é intuitivo", e tudo flui. Geralmente fica uma beleza, mesmo. Eu queria ser tão boa cantando quanto o Romário é jogando, pra poder fazer mesmo jus a esse apelido; por enquanto, a semelhança fica só pela impaciência de freqüentar ensaios fixos. E a beleza do resultado sempre será creditada a ela e ao meu irmão.

Eu fui, realmente, abençoada, por ter um irmão e uma irmã tão musicais, tão tranqüilos, tão lindos e tão inteligentes. E embora eu seja tão diferente deles dois, somos três e nos sentimos tão perto, uns dos outros, que eu chegaria a dizer que somos um!

Minha querida irmã, o dia foi ontem mas o amor é pra sempre, e sempre é tempo de desejar felicidade.
A minha gratidão por você ser assim, desse jeitinho; por me ligar, praticamente, todos os dias, às vezes apenas para saber se eu estou bem; e por ter deixado a sua marca, para sempre, neste mundo; por ter aperfeiçoado a humanidade. Agora, sim, se sabe por que "humanidade" é com H.

Um beijo pelo aniversário,
Felicidades, saúde e sabedoria sempre!

9 comentários:

Anônimo disse...

Achei linda a homenagem. Na minha casa, tambem somos duas meninas e um menino, e eu sou a mais velha.
Tenho pela minha irma um amor absurdo, chega a doer, de tao tao...

Mônica disse...

ô coisa mais linda, môdeussssssssssss!!!!!

parabéns pra irmã da boneca então....

( vc, minha leitora mais perspicaz, sacou tudinho, né???? rs....te dou detalhes sórdidos via telemar, ok?)

Unknown disse...

Olá Suze,
muito linda a "moldura" que enquadra a imagem dos três irmãos.
Parabéns pelos momentos lindos e fraternos que vocês sempre viveram.
Orgulho para os pais, felicidade para a familia e inspiração para outros.
Deus os abençoi e os conserve sempre em união.
Parabéns a aniversariante.
Bjs. Edvado/Diná.

Custódia C. disse...

Mai um texto cheio de emoção Suzi!
Parabéns à tua irmã:)

Sandra Vicente disse...

que lindo!

deize disse...

Numa manhã em que certamente fomos destinados só para a alegria, acordei meio que mais ou menos.
As bênçãos são incontáveis, mas o lado frágil e humano de ser não deixa de se fazer presente...
Numa manhã em que só lágrimas de alegria deveriam brotar, rolaram algumas mais salgadas pela apreensão dos resultados que virão, da "faca" prometida, da necessidade de escrever e terminar o relatório para a defesa, a visita ao hospital e a visão da fragilidade da vida.
Então, antes de sair para o encontro dos que adotamos como irmãos, passei na casa daqueles que foram escolhidos por Ele para me acompanhar e compartilhar a vida em família.
Claro que o choro só aumentou. Mas o gosto salgado e até amargo foi embora.
As palavras agora não conseguem mais traduzir o que sinto.
Resta a imensa gratidão primeiramente a Ele pela predestinação para a felicidade, àqueles que comigo formaram o núcleo dos Vicente, aos que se uniram a esse núcleo por amor e compartilham do dia-a dia das nossas lutas e vitórias, aos que surgiram como fruto dessas uniões e especialmente a você, maninha.
Seu jeito especial de ser, sua briga e irriquietação perante as incoerências do mundo foram para mim, sempre, motivo de admiração e imitação.
Não herdei essa impulsividade tão necessária em muitos momentos na minha vida, mas você esteve junto para me ajudar a ultrapassá-los.
Não herdei os lindos cachos castanhos, por isso o máximo que consigo é me aproximar do corte (indo até ao mesmo escultor das madeixas).
Musicalidade... aqueles que nos conhecem sabem que você foi modesta demais. Preferiu deixar que apenas dois refletissem um pouco mais e, de vez em quando, nos possibilita ver um pouco do seu imenso brilho quando participa de trios, duetos, e realiza eventos que, se não ofusca, garante um lugar privilegiado ao Sol.
Sei agora, mais que nunca, que imprimimos marcas mesmo sem o querer ou perceber. Você me fez mais uma vez enxergar as coisas de uma maneira que não tinha ainda compreendido nesses últimos vinte anos. Que singularidade a H'umanidade revela!
Obrigada por você existir!

Belinha disse...

Olá Suzi.
Mais uma vez você me surpeende como os seus textos lindo.
Parabéns para a tua irmã.
Jokas

Mariah disse...

pesado o fardo da primogênita que não pediu para ser referência. a do meio passou a vida inteira tentando competir com meu jeito irritantemente certinho de ser...não conseguiu...partiu para a antítese então...e entornou o caldo. a vida me separa dela cada dia mais. eu a cada dia mais irritantemente certinha ela a cada dia mais enlouquecidamente deslumbrada com a vida. a filha dela sou eu e a minha é dela.
te invejo amiga.
mariah

Amigao disse...

Aniversário da irmã da boneca.Parabén moça.Muitas felicidades.
E ainda por cima escreve bem pacas.

abração do amigão.