Lembranças

Tenho muitas lembranças da minha infância. Muitas. Muito saudáveis. Agradáveis mesmo.

Uma delas era a aula de postura que minha mãe nos dava. Três irmãos. Eu, a caçula. Todos tínhamos. E também aquele lance, depois do almoço, quando minha mãe dizia que era preciso caminhar, até arr... bem, você deve imaginar. Aquela mesma coisa que se faz com bebê, depois que ele mama. Você não fica andando de um lado para o outro até ele arr... pois é, você sabe. Só depois disso você põe o bebê pra dormir, lembra? Pois então andávamos por toda a extensão da enorme sala que tínhamos em casa; desde a porta até a janela, caminhávamos, caminhávamos, caminhávamos, até arr... Pois é. Isso acontecia depois de cada refeição. Sempre.

Agora, à tardinha... minha mãe punha os três filhos para andar elegantemente pela casa; sim, sempre a nossa casa, que era, verdadeiramente, nosso espaço para tudo, onde realmente brincávamos à vontade com nossos coleguinhas - aqueles, que as mães não deixavam sujar a casa. Minha mãe deixava!

Então, lá vinha a mamãe, e nos mandava colocar um livro na cabeça e andar pela casa, equilibrando-o, sem deixar cair. Para isso, você precisa estar com a coluna ereta, concentrado, cabeça erguida, olhos na linha do horizonte, nunca fitando o chão. E aprendíamos, com isso, a andar elegantemente, e a manter a postura correta, no dia-a-dia. Talvez sem saber, ela nos ensinava a ter postura diante da vida, percebe? "A mente quieta, a espinha ereta", cabeça erguida, olhos na linha do horizonte, elevados...