"...E é isso que eu gostaria de dizer hoje aos adolescentes solitários, sem turma, sem festas, sem estórias de beijos e amores para contar, as noites de sábado em casa, o telefone em silêncio: vocês são meus companheiros. Eu andei pelos caminhos em que vocês andam.
Mas, sou agradecido à vida por ter sido assim. Porque foi em meio ao sofrimento dessa terrível solidão que tratei de produzir minhas pérolas. 'Ostra feliz não faz pérola.' Comecei então a andar sozinho pelos caminhos onde os outros adolescentes não iam: a música, a mística, a arte, a literatura, a poesia, a filosofia. Todos eles mundos solitários, onde só se entra sozinho. Andando por estes caminhos descobri aqueles que se pareciam comigo. Zaratustra, por exemplo, que se via como uma árvore crescendo à beira do precipício, seus longos galhos se estendendo sobre o abismo. Eu quis ser assim também.
E foi então que comecei a olhar para as maritacas com um certo sentimento de superioridade. (...) a partir daí as alegrias que tive nas produções da minha solidão foram maiores que as tristezas da minha condição de adolescente solitário. A solidão passou a ser, para mim, uma fonte de alegria. Eu não precisava gritar como maritaca para ser ouvido.
As maritacas gritam, e todos ouvem, mesmo sem querer. Mas o canto do sabiá solitário, ao final da tarde, em algum lugar da floresta, faz todo mundo se calar para poder ouvir... Isso eu lhes digo, solitários: há muita beleza escondida na sua tristeza. Não tenham dó de si mesmos. Tratem de usar o martelo e o cinzel..."
Mas, sou agradecido à vida por ter sido assim. Porque foi em meio ao sofrimento dessa terrível solidão que tratei de produzir minhas pérolas. 'Ostra feliz não faz pérola.' Comecei então a andar sozinho pelos caminhos onde os outros adolescentes não iam: a música, a mística, a arte, a literatura, a poesia, a filosofia. Todos eles mundos solitários, onde só se entra sozinho. Andando por estes caminhos descobri aqueles que se pareciam comigo. Zaratustra, por exemplo, que se via como uma árvore crescendo à beira do precipício, seus longos galhos se estendendo sobre o abismo. Eu quis ser assim também.
E foi então que comecei a olhar para as maritacas com um certo sentimento de superioridade. (...) a partir daí as alegrias que tive nas produções da minha solidão foram maiores que as tristezas da minha condição de adolescente solitário. A solidão passou a ser, para mim, uma fonte de alegria. Eu não precisava gritar como maritaca para ser ouvido.
As maritacas gritam, e todos ouvem, mesmo sem querer. Mas o canto do sabiá solitário, ao final da tarde, em algum lugar da floresta, faz todo mundo se calar para poder ouvir... Isso eu lhes digo, solitários: há muita beleza escondida na sua tristeza. Não tenham dó de si mesmos. Tratem de usar o martelo e o cinzel..."
Rubem Alves, in E Aí - Cartas aos adolescentes e seus pais.
12 de junho. No Brasil, é Dia dos Namorados.
30 comentários:
vontade de ficar aqui lendo seus posts até o dia amanhecer
mais como diz a música: hoje não dá
beijo moça
saudade
Quando eu crescer, eu quero postar igual voce posta.
Quanta inspiração..hein!
Muito lindo...
Eu tinha recebido essa carta por email, gostei tanto...
os sem turma devem sofrer...
tenha um bom dia Suzi!
Linda essa carta, feliz por ter nos presenteado.
lindo dia,bunita
beijos
Mais um belo texto de Rubem Alves !
E tem toda a razão o Rubem Alves.
Ai Suzi, até arrepiei de emoção.
Parece que ele escreveu pra mim...
Lindo demais!!
Bjs
Eu fui um pouco dessas... poucos amigos, poucas baladas, e continuo assim... foi interessante ler isso, muito legal!!
Beijos!!
matou a pau na escolha desse senhor brilhante que é RA, boneca....
lindo mesmo!
Acho que é na solidão que nos encontramos, sabe...
Nada como um tempo conosco para descobrirmos quem realmente somos e do que realmente precisamos para alcançar a tal da felicidade.
Beijos, menininha.
Suzi, tens bom gosto no que lês e naquilo que partilhas. Bom texto! Beijos grandes ***
ai, morg, que coisinha mais gostosa de ler!
:o)
beijos;
Ah... amigão... fala sério!
Vamos combinar que a inspiração, mesmo, foi do queridíssimo Rubem Alves, né!
Beijos e feliz dia de hoje!
:o)
ai, anônimo,
achou mesmo muito lindo? pois é... eu também!
:o)
é, elzinha...
e quem, nunca, um dia, foi sem turma? será que houve alguém?
Gostei muito deste texto do Rubem Alves... Faz todo o sentido! Ainda bem que o partilhaste no vosso dia dos namorados que por cá já foi em Fevereiro...
Dia lindo pra ti também, Marcinha!
;o)
O homem sabe escrever, não é mesmo, Custódia?
:o)
É, Martinha. Tem razão e tem beleza, na escrita, o homem.
;o)
Oi, Cris,
que bom que RA tocou seu coração com essas palavras. E que bom eu ter sido o instrumento!
;o)
o texto é muito bacana, né, j@de?
também gostei muito.
e também nunca fui de muito isso, muito aquilo, muito aquilo outro.
rs*
é mesmo um senhor escritor, esse senhor, né, mumumu?
beijo, gio!
beijo.
é bom quando estamos sós, marcelo. ouvimos a voz que só no silêncio se ouve; aprendemos o que nem sonhávamos aprender; conhecemos mais o outro e nós mesmos, seja pela leitura, pelos pensamentos, pela paz... algumas vezes só assim produzimos pérolas.
Há textos que nos encantam mesmo, Zorze. Como este.
Beijos.
Um texto apropriado para o dia dos namorados, em 12/junho ou em 14/fevereiro, e, a propósito, apropriado para todos os dias; todas as vidas, não é mesmo, Luís F.?
;o)
é, eu andei por esses caminhos também.
Era seguro ser sozinha...
Agora ando toda bobona com tanto amor me cercando.
beijo e Feliz Dia!
"ê, diliça", hein, nena?
:o)
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