E então aconteceu o encontro já há muito previsto. Apesar de previsto, aconteceu de forma inesperada. Não imaginei que seria assim, do jeito que foi, às cinco da tarde de uma terça-feira nublada. Mas até mesmo as coisas previsíveis chegam a acontecer de um jeito imprevisível. A minha reação foi espontânea. Talvez menos enfática do que eu gostaria que tivesse sido. Mas contundente, ao seu modo. A dele, inábil.
A escada era a mesma que me derrubou dia desses, você lembra. Mas eu desci impávida e esguia, cada degrau. Meus olhos, os mesmos que tantas vezes já haviam fitado aquela imagem. Os dele também os mesmos, porém muito mais curiosos e inquietos. Os meus, serenos, não baixaram. Os dele, dançaram, irrequietos, sem que achassem crível aquela minha aparição às cinco da tarde de uma terça-feira nublada...
Eu escrevo histórias de amor em capítulos - quem acompanha o blog sabe disso. Os capítulos não são seqüenciais, nem, necessariamente, são histórias de amores meus. Algumas vezes a idéia do texto vem de alguma cena que vi na rua, de alguma coisa que ouvi, de sonhos dos outros, que sei, de planos frustrados de alguém. Como a de ontem.
Curiosamente, o capítulo XLVIII falou de olhos que por não terem brilho para luzir o coração da mulher desfiguraram o semblante do homem, e baixaram, fitando apenas o chão. Talvez por lembrar disto, talvez porque eu não seja de olhar para o chão, não deixei que meu olhar se desviasse, e então o encarei firmemente. Um semblante firme. E enquanto eu descia, ele caminhava em direção à escada, para subir. E os meus olhos já não piscavam, fixados nos dele a ponto de praticamente constrangê-lo... Até que faltavam dois degraus para que estivéssemos lado a lado.
Daqui a oito dias faria um ano. Exatamente um ano de silêncio, quebrado hoje; com as suas despiciendas palavras: "você não vai falar comigo?" Ora, ora, pensei: "Quem não sabe ler os olhos não merece palavras..." Assim mesmo, sorrindo, eu lhe respondi com quatro ou cinco, que formaram a frase que duvido vá sair da sua cabeça nos próximos meses. Tempo suficiente para que explore todas as possibilidades de intelecção do texto que ouviu.
Dei-lhe o benefício da dúvida. E uma certeza.
Presentes de Natal.
Extático, quase ficou estático, mas seguiu.
Também extática, respirei fundo. Passei a mão nos cabelos, segui sem olhar para trás. Caminhei até o carro. Sentada, virei a chave. Liguei o rádio, e ouvi Lenine: "Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma / mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma / eu sei / a vida não pára / a vida não pára não..."
18 comentários:
Nossa, arrepiou, sabia? Senti-me como se estivesse, ali, presenciando a cena, o encontro. Emocionei-me, impossível conter a lágrima...
Deixo Thiago de Mello contigo:
“Pois aqui está a minha vida.
Pronta para ser usada.
Vida que não se guarda
nem se esquiva, assustada.
Vida sempre a serviço da vida.
Para servir ao que vale
a pena e o preço do amor.
Ainda que o gesto me doa,
não encolho a mão: avanço
levando um ramo de sol.
Mesmo enrolada de pó,
dentro da noite mais fria,
a vida que vai comigo é fogo:
está sempre acesa (...)”
Sem mais palavras!... GOSTEI.
Uma boa noite
caraca...sem palavras....
Anninha, querida,
eu acho o Thiago de Mello um tremendo poeta. E amei o poema que você me dedicou!!!
Gratíssima!
clau e moniquete,
sabem que eu também gostei?
;o)
Uau!
Vi tudo, a escada, o seu olhar, a mão nos cabelos. Tudo!
Foi na Marina?
Bj
“A vida verdadeira”: este poema é incrível. Achei este trecho condizente ao seu texto poético e emocionante.
Thiago de Mello é um dos meus preferidos, sou apaixonada por ele.
Quando fico, assim, chorona, deixo que os poetas “falem” por mim...
Boa noite, Suzinha, querida!
Anna.
Uau!!
perfeito!
noite boa,bunita
beijosssssssss
Isso tudo é cabeça de mulher que gosta de dar voltas. Duvido que ele tenha entendido a mensagem.
Clica
http://www.youtube.com/watch?v=es2uZX_NihA&eurl=
Suzi, Bom Dia !
Hoje temos jogo , o Chelsea x Bolton e Manchester x Everton , e vamos lá ....
bjks
Zeds
Até suspirei, Suzi...
As tuas palavras transportaram-me para a situação e fizeram-me sentir o teu sentimento… Bjs.
Oi, Taia. Foi mesmo uma cena de cinema!
(não fui ao lannçamento - todo mundo furou e eu não quis ir sozinha...)
E Anna, eles falam mmuito bem, né?
;o)
Bom dia!!
Bom dia pra vc também, Marcinha-Loirinha.
;o)
Magui,
mas eu não disse que ele entendeu. pelo contrário... eu disse que ele vai passar meses tentando entender!
:o))
Zeds,
tomara que passe na ESPN!
E o mais difícil jogo do Manchester já foi no domingo, né? rs*
;o)
Oi, Luís,
então eu consegui passar a emoção do momento?? Pois então você tem idéia do que foi aquilo!
Beijos!
Eu já vi este filme. Vou te ligar!
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