quinta-feira, 7 de setembro de 2006

O principezinho

Era uma vez um príncipe. Um pouco desobediente, como não devem ser os príncipes. Estava longe de casa e o rei queria que ele voltasse logo pro seu reino, porque andava fazendo coisas que não agradavam à Corte.

Então, em janeiro de um certo ano, alto verão, céu azul e águas límpidas no mar, o principezinho recebeu uma carta, ordenando que voltasse rapidamente pro seu reino. Mas ele disse: não, eu não vou; eu fico. Era dia nove.

Pouco tempo depois recebeu outra carta, e agora exigiam seu retorno imediato para o reino de seu país. Quando recebeu essa carta, o príncipe estava passando à beira de um riacho, onde corriam águas livres, seguindo seu curso, sem qualquer impedimento... Naquele instante, o principezinho, que vestia sua linda roupa real, puxou da cintura a espada e então gritou: "É tempo... Independência ou Morte!"
E era o dia sete de setembro de 1822 quando isto aconteceu. E acontece que no Brasil ficou conhecido como o "Dia da Independência".

Notas:
a) É claro que histórias de príncipes têm de ser contadas de um jeito que o príncipe seja sempre belo, do bem, e herói.

b) É claro que D. Pedro decidiu ficar por aqui muito mais pelos aristocratas - que estavam muito, muito interessados em não ter seus privilégios afetados (latifúndios e escravismo) e que, em troca da futura independência, iriam dar ao principezinho todo o apoio como Imperador - do que pelo povo, o pobre povo...


c) É claro que não se deveria esquecer dos líderes do movimento que deu início a todo o processo de independência; os que por isso foram presos, trazidos para o Rio de Janeiro, que responderam pelo crime de inconfidência (ausência de fidelidade ao rei), e que, por fim, restaram condenados; até por enforcamento, tendo pedaços do corpo espalhados pelas estradas.

d) É claro que o "sete de setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política. A questão social....

Muito embora tenha sido de grande valor, o fato histórico comemorado hoje não provocou rupturas sociais no Brasil. O povo, o povo que vagueava pela linha da pobreza, aquele ainda hoje tão de(sen)cantado, nem tomou conhecimento, muito menos entendeu o significado dessa tal "independência". A estrutura agrária não se modificou, foi mantida a escravidão, e a distribuição de renda permaneceu desigual. Aquela elite, que dera suporte ao príncipe, foi, realmente, quem mais se beneficiou.

e) Por fim, não é claro que apenas ficamos independentes de Portugal?

P.S.
Não é curioso que os Estados Unidos da América tenham sido (ao lado do México), o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil? Vamos combinar: eles sempre foram muito espertos...


texto de apoio: suapesquisa.com

2 comentários:

Beto disse...

Perfeito Suzi, perfeito.

Suzi disse...

Beto, querido Beto, voltaste!!!
:o)