Tarde de autógrafos. Lançamento do livro. Dedicatória linda, no meu. Lindíssima. Coisa de Mestre.
Muitos amigos, abraços, sorrisos. Uma festa!
Saímos de lá, e pegamos um engarrafamento daqueles! Rua do Senado. Tudo parado.
M. estava com a câmera digital na bolsa. Resolvemos brincar de tirar fotos no carro. Foram várias!
A. saía bem em praticamente todas. Eu e M. revezávamos: quando eu tirava, ela ficava bem; quando ela tirava, quem ficava bem na foto era eu. Só conseguimos UMA, que deixasse as três satisfeitas.
De repente, o carro da frente andou e a gente, que já tinha feito pose e tudo, resolveu bater mais uma antes de pisar no acelerador. Foi quando, num susto, ouvimos: Pow!!! Powwww!!! POWWWW!!!!! (Alguém bate no vidro do carona, gritando e gesticulando.) Como ríamos muito, no carro, não entendemos nada.
A mulher veio, então, pra minha janela, ainda gritando. Baixei o vidro, pra entender. Ela continuou: "Sua isso, sua aquilo!" (pensei que ela estava me dando uma bronca porque o carro da frente havia arrancado e a gente estava distraída, tirando foto no meio do trânsito - e teria TODA A RAZÃO, se fosse isso mesmo). Mas ela continuou a vociferar, com tanto descompasso, que fui obrigada a fechar o vidro antes que ela me acertasse com a mão. Foi o tempo. Ela bateu como se estivesse louca, no vidro, a ponto de quase quebrá-lo.
E repetia: "Sua isso, sua aquilo! Tá pensando o quê??? Não vai tirar foto minha não!!! Não vai não!!! Você não pode tirar foto minha não!! Tá pensando o quê???? Vem aqui fora, vem!!!" Aos berros.
Era isso! Direito de imagem!!! Caramba! Isso é a democratização do Direito.
Tentei novamente abaixar o vidro para argumentar, quem sabe mostrar a foto, mas ainda meio tonta, sem entender direito como aquela mulher podia estar pensando que eu queria tirar uma foto dela - muito menos pra quê eu iria querer... - tive que fechar correndo a janela, novamente, porque ela deu as costas, se abaixou, pegou um saco de lixo e voltou na minha direção.
Achei que ía jogar em mim.
Colocou na minha frente, encostado no pára-brisa. E saiu, falando para os motoristas que vinham atrás que eu era "isso" e "aquilo", e que eu tava pensando que podia tirar foto dela??? Mas não podia não!!
Pra meu sossego (a essa altura, coração das três batia acelerado), o vendedor de biscoitos Globo explicou tudo. Disse que ela sofre de um certo desequilíbrio das faculdades mentais (na verdade, ele disse, expressamente, "essa mulher é louca", mas não fica bem eu repetir), que "mora ali" - e apontou um cortiço - e que eu ficasse tranqüila, porque ela era assim mesmo. "Não liga não...", ele arrematou. E retirou o saco de lixo.
Abençoado vendedor de biscoito Globo. Ele nos acalmou e disse que aquilo era "vento mau". Depois disse: "Vão com Deus". E nós saímos. Agradecemos o cuidado, e eu, cabeça pra fora, desejei boa noite e bom trabalho, com olhar de quem agradece de verdade.
Devia ter comprado um biscoito daquele anjo bom...
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