sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quando tudo reverbera

Esta foi uma semana atípica. Trabalhei de casa a semana inteira, e só fui ao Gabinete na quarta. A semana passada terminou de um jeito também diferente, com uma festa de varar a madrugada, capaz de me fazer chegar em casa de manhãzinha, quando o céu já começava a clarear. O inverno, igualmente, anda um pouco diferente. Os dias de frio, sempre acho que são os mais frios que vivi em toda a minha vida carioca. Os dias de sol, me fazem desejar que este seja o inverno mais quentinho do mundo, mesmo sabendo que o inverno mais cheio de sol, que eu me lembre, foi também o que mais senti frio na alma... o inverno de 1999. Mas isso é outro papo.

Dia desses aí, nesta semana estranha, fui à praia. Havia um sol lindo no céu. Não chegava a ser um sol de verão nem um céu de outono, mas definitivamente nem de longe parecia ser um dia de inverno... Lá, de frente pra mim, um mar de águas cristalinas, verdinho esmeralda, clarinho, clarinho. De dentro d'água, a gente via o fundo do mar. Havia uma piscininha, de manhã cedo, quando a maré ainda estava baixa; adiante, um grande banco de areia, onde a água cobria apenas nossos pés, com o sol refletindo, lindo, nos meus pezinhos molhados... Mais à frente, e só então, a imensidão do mar.

Ali, parada, olhei o desenho da areia por debaixo das águas, que no ir e vir moldavam pequenas camadas de areia, parecendo o desenho de pequenas ondas, numa simetria incrível! Uma obra de arte, de beleza encantadora! Fiquei ali olhando, embevecida, percebendo como os raios do sol atravessavam as águas do mar e faziam dourar a areia desenhada... Um pouco acima de mim, com maestria, leveza e de um jeito doce, como é próprio das aves marinhas, voavam as gaivotas...
Que dia lindo!

Cheguei ali despretensiosamente, querendo apenas sentar de frente pro mar, sentir o sol na pele e recarregar as energias. Saí extasiada com o espetáculo. Dominada pela paixão que tudo aquilo fez despertar em mim. Impressionada com os detalhes. Livre de todo peso ou incômodo.

Embora todos os dias, invariavelmente, tenham 24 horas; o mar seja o mesmo; o céu esteja sempre no mesmo lugar, e o sol nasça e se ponha com a mesma regularidade... nada - mas nada mesmo! - precisa ser igual nem repetitivo. Nem os dias, as semanas, menos ainda os anos. Se soubermos reparar nos detalhes, também saberemos ver que neles é que reside a diferença.

E o que isso pode fazer pela nossa própria felicidade... só experimentando!

Experimente!!
Afinal, "quando menos se espera, tudo reverbera!" (Hilda Hilst)

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