Escreve a lápis o que pensas de mim sem ternura... mantém a borracha por perto. Usa a tinta quando anotares as coisas de amor, que o papel amarelado pelo tempo ainda te fará recordar daquilo que um dia te fez brilhar os olhos às escâncaras. Respira fundo a cada palavra gravada nas folhas. Reúne. Repensa. Rabisca. Apaga. Torna a escrever. Lê. Relê. Depois amassa o que escreveste a lápis. Despreza. Dobra em quatro o papel de anotações a caneta. Guarda num canto da gaveta, dentro de um livro azul. Página 16, lado esquerdo. Prende com clipe. E então fecha-o. Serão memórias eternas... E numa tarde quente, de um sábado de primavera, haverás de abrir o libreto. Encontrarás ali memórias de um tempo ido, que deixaste escorrer pelas mãos, um destino que recusaste, te esquivando furtivamente. E remoerás o passado. Como se fosse teu único ofício.
5 comentários:
Voce se supera a cada post.
Li e voltei a ler beeeeem devagarinho como que sentindo o sabor de cada letra. Muito bom!
Excelente texto, Suzi!
Cheio de intenções…
:)
Viva a liberdade! haha Abraços, Suzi.
Eitaaaaaa...nem vou escrever aqui o que pensei...te digo depois....
Sim, o texto é muito bonito mesmo. E até o compreendo, mas não sei se estou de acordo com aquele final. Remoer passado … não me parece uma boa opção. Recordar sim, remoer não. Olha aí o futuro inteirinho pela frente...
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