quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Eu, hein! - o começo

Ontem deixei aqui um desabafo. Falei da minha quase certeza, e da quase culpa, por essa espécie de certeza que trago comigo. É que às vezes vejo as pessoas tão animadamente cuidando e falando dos filhos, da importância de ser mãe, quando eu, deliberadamente, adoro ser filha, que tenho lá minhas dúvidas se sou deste mundo; e sinto-me, então, tentada a sentir uma certa culpa por não desejar tão ardentemente como a maioria das mulheres "casar e ter filhos".

Certa vez, a atual mulher do meu ex-amor comentou, do ponto mais alto de sua insegurança, que era estranho eu não estar casada. Aquele "estranho", vindo de onde veio, não me incomodou nem um pouco, porque sei que era reflexo de uma ameaça sentida e de um conforto desejado. Afinal, na sua cabecinha, enquanto eu não estiver casada ela não sente paz, como se a sua paz dependesse dos outros... Tolinha... Mas fiquei imaginando a palavra, despida de sentimentos de insegurança, dita por alguém sem interesses pessoais. Dita por assim dizer. Pura manifestação de pensamento. "Estranho..." E tentei imaginar o que passa na cabeça das pessoas que me vêem do jeito que eu sou e não conseguem compreender que a felicidade não é uma coisa que dependa de condições externas... Gente que transfere para outras gentes ou para acontecimentos a responsabilidade pela sua felicidade.

Tá bom, eu casaria. Mas não porque é isso que a sociedade espera das boas meninas. Casaria se fosse pra continuar me sentindo feliz. Se fosse pra continuar sendo eu mesma, com meus sorrisos e abraços, recebendo em casa quem eu gosto de receber, rindo com o marido, levando a vida de um jeito leve. Casaria se fosse para multiplicar a alegria de viver. Não sei se eu teria filhos. E é aí, nessa parte do papo, que as pessoas arregalam os olhos. A maior absurdez ouvida! Afinal, "a mulher nasceu pra ser mãe", "é a missão divina", "a mulher só se completa quando tem filhos"... É o que as pessoas acham, e pensam, e dizem, e se não dizem, calam, mas culpam quem pensa diferente; ou quem simplesmente ainda não pensa nisso.

E é aí nesse ponto que eu "quase" me sinto culpada.

Foi esse o ponto de partida do post de ontem à tarde. Comecei o papo do ponto final.
Só faltou dizer que então eu me deito e durmo, e já pela manhã eu acordo sem culpa...

E pode até ser que um dia eu acorde pensando diferente. Mas ainda sem culpa por pensar diferentemente de mim na noite anterior.

20 comentários:

marta r disse...

Ainda bem que o sentimento de "quase culpa" é passageiro, Suzi. Porque na verdade não tens motivos nenhuns para sentir isso, não tens que ser igual a toda a gente. E é isso que te torna tão especial.

Taia disse...

Suzi, é isso aí mesmo que acontece com as pessoas que expõem seus quereres, seus sentimentos.
Não são aceitas.
Estranho é isso, não aceitar que somos diferentes, ou estamos diferentes.
Beijo

Anônimo disse...

e quase me excomungam qdo digo que me arrependi de ter filhos...

Anônimo disse...

Com pressão ou sem pressão, acho que a vida é curta demais para a vivermos como os outros entendem que ela deve ser vivida. Concessões toda a gente faz, de uma maneira ou de outra, mas há decisões que só a nós nos dizem respeito.

Anônimo disse...

Opa, então tenho uma companheira de ideais?!
Eu não seria tão delicada quanto você, chuto o balde e afirmo categoricamente:
- Homem na minha casa nãããããããããão! Filhos? Nem pensar. Sai!
Detesto casamento, união “estável” e o escambau. Caramba, e os caras grudam, já querem casar, morar junto e tal. Sai!
Quando escuto esta proposta, me dá caláfrios. E minha liberdade? E meu saco na lua de não ter de ter obrigações e hora certa? Quero poder dormir, fazer minha comidinha, limpar a casa, gritar e chorar no meu momento, no meu tempo, que são só meus. Egoísmo? Medo? Pode ser. Não me importo com o que pensam. Dane-se.
Não agüentaria ver um homem com um copo de cerveja na mão, arrotando e gritando na minha sala:
- Goooooooooooooooooooooool!
Por que temos de fazer o que os outros querem? Quem fica bem? Não, definitivamente não. Eu faço minhas regras.
Quero ser feliz do meu jeito, dá licença? (rs)

Beijo;
Anna.

Anônimo disse...

correção: calafrios

Gioconda disse...

Acho totalmente possível alguém não querer casar e ter filhosou simplesmnete não querer o memso que os outros querem. Claro que não podemos ser radicais de nenhum dos lados, pq casar também é maravilhoso, pra quem tem vontade.
O bom mesmo é saber respeitar os outros e isso é meio dificil pra muita gente que não enxerga além do precioso umbiguinho. Deixa esta gente pra lá, moça esperta, porque vc é uma pessoa maravilhosa. Exatamente porque é quem é.
bjs

Nina Souza disse...

Ah, tudo bullshit dessa gente condicionada a ser parideira. ^^

Eu te digo que HOJE eu penso em me casar e ter filhos. Eu digo hoje porque nem sempre pensei dessa forma. Vou te contar a minha história.

Quando eu era criança, minha mãe falava de netos e, enquanto minha irmã dizia que ia casar virgem e encher sim ela de guris, eu sempre falava "mãe, n espere nada de mim. n sei nem se vou casar, quem dirá ter filhos".

Passou o tempo, vi que as pontinhas de vontade de casar no inicio da minha fase adulta eram sequencia de uma vontade bem maior de ter o meu canto mais do que ter uma familia. Então resolvi morar sozinha. Descobri a minha própria intimidade, a me amar e me respeitar, a ter o meu espaço independente de ninguém. Me vi completametne alheia a toda vontade de ter um casamento e filhos espalhados pela casa. Eu tinha meu espaço, e eu me basto.

As vezes, quando me batia uma pontinha de vontade de ter alguem mais dentro de casa, eu me lembrava que não existia até então ninguem que eu quisesse verdadeiramente dividir uma vida - mesmo eu estando namorando a vários anos, naquela época. Daí pensei em comprar um cachorro! hauhauhauahah! (mas não comprei pq tenho carpete em casa). E só em pensar em perder o meu canto e minha independencia, minha liberdade, me desagradava profundamente. Então essa idéia de casamento deixou de vez, com o tempo, a minha cabeça.

Só que agora apareceu outra pessoa, e com ele descobri que a intimidade pode ser algo altamente divertido, diferente, prazeiroso. E só porque eu encontrei com ele é que voltei a pensar nessas coisas de "casar e ter filhos", fazer planos e etc... encontrei alguém com quem eu teria prazer em dividir uma vida inteira caso venha a acontecer um dia. E a minha carreira deixou de ser a pedra fundamental, agora é um composto.

Porque falei isso tudo, ainda mais aqui no aberto? Pra dizer que, ao menos pra mim, o desejo de ter uma convivência em comum surgiu naturalmente, veio com alguém que realmente estimo, e completamente livre das amarras sociais e das convenções psicosociais às quais tentam o tempo inteiro incutir em nossa mente.

Se acontecer de a gente levar nossa história adiante (e eu quero mt e me esforço mt pra isso), vai ser uma vontade nascida de dentro pra fora, jamais de fora pra dentro.

Você está eternamente certa enquanto faz o que VOCÊ quer. Mesmo que amanhã vc queira o extremo oposto do que queria ontem.

beijos flor, um lindo dia pra ti!

Suzi disse...

Daria pra escrever um capítulo da história da minha vida, com este post e os comentários de vocês.

A noite separa os dias. Nesse intervalo, eu sei, muita coisa pode acontecer. O mundo e cabeça da gente pode mudar. Ou se manter. É tudo relativo.
De absoluto, só a vontade de ser feliz.

Beijos pra todos!!

Beto disse...

Acho que nem quase culpada você devia se sentir. Afinal é uma escolha que vc faz para si mesma. Ninguém fez por você nem a compeliu a isso. Acho que é o que vale. Se vc se olha no espelho e diz "eu sou feliz" porque buscar algo que pode te trazer infelicidade ou que vc não queira do fundo do coração?
bjs
PS: "Betolino" é propriedade intelectual da Monica...rs
PS2: Não precisa agradecer o abraço, foi um prazer..rs

Anônimo disse...

Oi , surpresa!!!!!!!!!! serei breve. O QUE SERIA DO VERDE SE TODOS GOSTASSEM DO VERMELHO ???????
cada um com seu cada um.deixe o cada um dos outros.rsrsrsrsrs.bjs.

Suzi disse...

Oi, "arcelo34",
Como assim "surpresa!!!"??? rs*

Mas concordo com você: é preciso haver quem goste de coisas diferentes, pra que o mundo não seja uma monotonia só!

Seja bem-vindo por aqui!
Volte sempre que quiser!

Suzi disse...

Beto, quando fala sério, é sério.
Mas quando fala bobeira, me faz rir!! E eu gosto de rir, fica tranqüilo.
;o)

Sandra Vicente disse...

Suzi,
Culpa? Pensar de um jeito hoje e de outro amanhã? Sem problemas... "Nada do que foi será igual ao que a gente viu a um segundo... Tudo muda o tempo todo..."
Você que gosta tanto das poesias do seu maninho e deve lembrar de uma parte que você cantou no nosso casamento: "Um conforto, um bem estar... é viver com quem se ama" e ele completou em outra que ele cantou: "... que entende quem sou eu, pois é só nos seus braços que eu encontro o meu lugar, o amor que eu trago aqui é todo pra você. Todo o meu carinho, todo meu cuidado pra fazer você sempre feliz. Quero ter você comigo enquanto eu viver..."
E vou dizer: é muito bom encontrar alguém que vale a pena e ter esse alguém ao lado todos os dias com todos os defeitos suportáveis e pequenos diante das qualidades e do bem estar que proporciona.
Os filhos são um outro capítulo. Ainda melhor. Quando a gente tem filhos, acaba criando um outro núcleo, uma nova família que nos dá força para suportar tudo e enxergar as coisas de um jeito diferente, tentando ousar, acertar e reaprender com eles. A diversão aumenta e a gente ainda revive a infância com eles. É tudo de bom mesmo!!!

Suzi disse...

Taí, cunhadinha, qualquer hora eu vou postar aqui a música que ele fez pra você e cantou, no dia do casamento.
Aquela coisa de "sorriso de criança, olhos cor do céu..." me comove até hoje, sabia?
Fora o "Todo o meu carinho, todo o meu cuidado, pra fazer você sempre feliz."
Uia!!!

Anônimo disse...

Perfeita e sincera explicação sobre seus valores e verdades, cada um é único e imperfeito mas com uma coisa chamada livre arbítrio, aí entra sua vontade sem culpas e o retso do mundo que se exploda em preconceitos e preceitos e dogmas e regras,,,fala sério!
linda noite, bunita
beijossssssssss

Anônimo disse...

Olá,
não sei bem como usar isso, mas sinto vontade de lembrar a todos que casamento é uma idèia de Deus, lembra quando Ele disse que "não é bom que o homem esteja só" (e isso inclui a mulher também rs) ... então ... acontece que o próprio ser humano com sua a sua "capacidade" de estragar o que Deus faz, minou a idéia do casamento, tranformando-o em divisão quando na verdade esta instituição deveria ser apenas soma, soma e soma, ou seja a união na mais pura interpretação da palavra, deve ser um complemento, enfim acho que este espaço é muito pequeno para definir tudo que envolve um CASAMENTO e não apenas ter ao lado um homem(ou uma mulher) que chegou para "dividir" o MEU espaço a MINHA vida.
Encerrando ... eu penso que se as pessoas entrassem numa relação de CASAMENTO compreendendo que seus "egoísmos" só levam a um caminho de SOLIDÃO dentro de um mundo que parece perfeito por que não é divido talvez não houvessem tandos divórcios e tanta gente SÓ !!
Sucesso prá você SUZI em qualquer que seja sua decisão de vida!

Anabela disse...

Suzi, não entendo uma coisa: você disse: "Tá bom, eu casaria... Casaria se..."

Há que lutar por esse "se..."

Já tem? Então do que está à espera?

Agora, a questão da procriação, você já sabe o que eu penso disso:

"Querem saber? Porquê? Não têm vida própria? Oh, gentinha..."

Boa sorte nas suas decisões.

Suzi disse...

Ao anônimo:
eu também acredito que o casamento é uma instituição divina; mas não creio que todos nasceram para ele.
Não digo que eu não nasci; mas tenho uma quase certeza.
;o)

E seja bem-vindo(a) por aqui!
Vá chegando, sentando e papeando. Será sempre bem-vindo(a)!

Suzi disse...

Anabela,

tive de rir, com a parte final.
Você é ótima!!!

:o))