sexta-feira, 6 de outubro de 2006

A Esmola de Dulce - por Augusto dos Anjos


E todo o dia eu vou como um perdido / De dor, por entre a dolorosa estrada, / Pedir a Dulce, a minha bem amada / A esmola dum carinho apetecido.

E ela fita-me, o olhar enlanguescido, / E eu balbucio trêmula balada: / - Senhora dai-me u'a esmola - e estertorada / A minha voz soluça num gemido.

Morre-me a voz, e eu gemo o último arpejo, / Estendendo à Dulce a mão, a fé perdida, / E dos lábios de Dulce cai um beijo.

Depois, como este beijo me consola! / Bendita seja a Dulce! A minha vida / Estava unicamente nessa esmola.

("Quando a morte nos arrebatou Augusto, no plenilúdio dos seus vinte e nove anos, molharam-se-me os olhos e confrangeu-se-me o coração de desgosto" - Orris Soares, in "Eu e Outras Poesias" de Augusto dos Anjos, Ed. Civilização Brasileira)

9 comentários:

Anônimo disse...

Augusto dos Anjos e sua poesia triste, mórbida e bela!!
Belo presente querida Suzi, obrigada!
lindo dia flor
beijosssssssssss

D.E.S.A.S.S.I.S.T.I.D.A.S disse...

OLá Suzi, vim conhecer o seu blog e me deparao com tão belas palavras de Augusto dos Anjos...
abraços,
THA

Suzi disse...

Marcinha Clarinha, Augusto dos Anjos tem notas tristes e melodiosas, mórbidas e vívidas! Enfim, palavras difíceis e belas!
Dia lindo pra ti, também!!

Krama disse...

Tô com muitas saudades.
Volta logo!
Até faço massagens...
bjos

Suzi disse...

THA, Augusto dos Anjos é dor, lágrimas, sofrimento, e beleza, não é mesmo?

Olha, seja bem-vinda!! e volte sempre por aqui. Sempre que quiser. Manhã, tarde, noite, madrugada, portas e janelas abertas. É só ir chegando!
;o)

Suzi disse...

ai, krama... acho que volto antes, então, só por causa de você e das massagens...

saudades!!
:o)

Anônimo disse...

Que beleza de poesia! Encantado!

Suzi disse...

versos lindos e encantadores, mesmo.
esse é Augusto dos Anjos, o grande e sentido poeta!

seja bem-vindo, perso!
e volte sempre por aqui!
:o)

Unknown disse...

Eu tenho " EU e OUTRAS POESIAS ". Soneto lírico e comovente. Por quê Augusto foi tão incompreendido?