sexta-feira, 21 de abril de 2006

Sobre crianças, alegria, e mar

Por volta das dez e pouco da manhã, e de repente, chegam cerca de doze crianças, na praia, acompanhadas de um só adulto. Até agora não sei se eram de alguma escolinha de futebol, se eram de algum instituto, mas sei que não eram todos irmãos, assim, de sangue. Havia loirinhos, negros, morenos, mulatinhos, todos de short, todos sorridentes. A idade devia variar entre 8 e 15 anos, talvez.

Chegaram soltos, leves, mas organizados, numa boa, e naturalmente, porque não havia ninguém exigindo isso deles. Via-se que estavam animados, sorridentes, curtindo. Conversavam animadamente.
Arrumaram as bicicletas uma ao lado da outra, na areia, e saíram correndo pro mar, sem jogar areia em ninguém, mas correndo, saltando, impressionantemente felizes.
Ali eu já achei que aquela cena já fazia valer o meu dia!

O adulto que as acompanhava, um rapaz, talvez de uns 28/30 anos, alto, negro, cara de boa gente, ficou ali em pé, ao lado das bicicletas, enquanto as crianças se divertiam no mar. Ele apenas olhava, cuidando de longe, atento. Sem cara de mau, tinha um certo ar protetor. Achei isso tão bacana!

Achei curioso, também, ele não ter dado nenhuma instrução, antes que os meninos se dispersassem. Canso de ver os pais gritando com os filhos, na praia, ou mesmo advertindo-os, carinhosamente, para que tenham cuidado no mar, para que não joguem areia em ninguém, para que não briguem, não fiquem pedindo pra comprar as coisas etc. etc. Mas o rapaz não deu nenhuma ordem e eles todos sabiam exatamente como fazer, para ter u'a manhã divertida, na praia.

Uma coisa que acho legal é que no Recreio as pessoas são mais gentis que em outras praias. É, eu acho mesmo. Fico pensando que se essas crianças chegassem em Ipanema, por exemplo, pelo menos "meia dúzia de 20 ou 30 pessoas" já estaria olhando torto, segurando suas bolsas, fazendo cara feia, mesmo. Já vi cenas assim, exatamente em Ipanema, uma praia tão charmosa, e que só devia ter gente com charme no trato pessoal também. Mas...

Pois bem, a criançada (graças a Deus) estava no Recreio dos Bandeirantes, Posto 9. E se divertia tanto, que era capaz de causar inveja em muita gente!

Cerca de uma hora, uma hora e meia depois, os meninos já estavam indo embora. Na verdade, quando eu olhei - e as bicicletas estavam perto de mim - já nem vi mais ninguém. Foram tão discretos, na hora de ir, que eu nem percebi...

Mas a alegria que irradiaram ficou na praia até a tardinha.

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