quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Reflexões no começo de mais um dia de trabalho

No meu trabalho, minhas palavras são escritas para traduzir o pensamento de outra pessoa. Eu preciso saber de antemão ou intuir o que o outro pensa a respeito de qualquer assunto (justrabalhista) que me chegue às mãos, e escrever como se fosse o próprio. Preciso fazer isso com tamanha perfeição e grau de convencimento, porque, em alguns casos, o outro, sequer, já ponderou sobre o tema, e é preciso que ele, ao ler, chegue a pensar que aquilo tudo saiu da sua própria cabecinha.

Preciso confundir os meus pensamentos com o dele, durante o tempo em que estou redigindo os textos, de modo que eu escreva exatamente aquilo que ele escreveria se estivesse ali, fazendo o meu trabalho, que, na verdade, é o dele. É como pensar com a mente do outro.
E algumas vezes é difícil, quando eu penso diferente... de um jeito diametralmente contrário ao dele; ainda assim eu preciso defender o posicionamento dele como se eu visse mesmo as coisas do modo como ele vê. Nesses casos, como eu costumo dizer, é preciso abraçar a ideia, vestir a camisa e defender com a alma aquilo que ele quer.

Algumas vezes separo um tempo para discutir a divergência. Ele me ouve. Às vezes mantém a mesma posição, outras vezes concorda com a minha tese. Mas eu sei: a palavra final é sempre a dele, e eu escrevo bonito o que ficar decidido (por ele, é claro).

Já percebi que quanto melhor eu traduzo os seus entendimentos, mais satisfatório é o resultado do meu trabalho, embora muitas vezes eu quisesse escrever tudo diferente. E não adianta reclamar... O dono do boteco é ele.

Nossa relação com o Chefe é assim também. Nossa vida deve ser escrita por nós mesmos. E tanto podemos escrever do nosso próprio jeito, com nossa própria maneira de entender as coisas, como podemos escrever, com nossas próprias palavras, as ideias, os planos e os sonhos dEle...

Discutir com Deus aspectos da nossa vida com os quais não concordamos, faz parte do processo. Insistir em fazer tudo do nosso modo, ou admitir que Ele é o dono da parada e aceitar que a palavra final é a dEle, são as opções que temos.

Dá mais certo quando a história da nossa vida é a tradução dos entendimentos dEle. É mais satisfatório, o resultado do trabalho, embora muitas vezes se queira escrever tudo diferente. Simplesmente porque, na vida, o dono do boteco é Ele.

Curiosamente, nos conformamos quando perdemos uma discussão jurídica, ou, no caso do seu trabalho, qualquer outra discussão, com a Chefia. Ficamos meio insatisfeitos, porque sempre achamos que nosso modo de encarar as coisas é o mais genial, ou mesmo porque pensamos que é o mais acertado, para o caso. Mas nos conformamos. Assimilamos a ideia do chefe e seguimos adiante - algumas vezes apenas para preservar nosso emprego... Outras vezes porque aprendemos a ser humildes. Mas por que nos recusamos a fazer as coisas de um jeito diferente do nosso, quando se trata da nossa própria vida??

Estou começando mais um dia de trabalho. É mais um dia da minha vida, também.
Hora de escrever...

5 comentários:

Mariah disse...

no caso "dEle"...tento aceitar que ele nos dá o que a gente "precisa" e não, necessariamente, o que a gente "quer".
as vezes é difícil entender o momento...só tendo muita fé.

Custódia C. disse...

"Mas por que nos recusamos a fazer as coisas de um jeito diferente do nosso, quando se trata da nossa própria vida??"

... Se nós não soubermos o que é melhor para nós, quem vai saber?

cibele disse...

É muito transcedental mesmo acreditar em Deus sem vê-lo ou tocá-lo, confiar que Ele vai saber o que é melhor pra nossa vida. Mas simplesmente vale a pena.

Não é sempre que eu consigo fazer isso, mas todas as vezes que consegui valeram a pena. E eu luto cada dia pra manter e fazer crescer a fé. Uma luta, de verdade.

Seria mais cômodo "seguir o coração"? Sim, mas tenho que concordar que "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" Jer. 17:9.

JEANS E CAMISETA disse...

A cada dia e a cada experiência vivida em fé, tenho visto que Ele sabe pra valer o que é melhor pra mim, mesmo que na hora não dê pra ver isso. Eu passei a dizer o seguinte: "hoje Deus faz, amanhã a gente entende".
Bjim

Matheus Espíndola disse...

Caramba, genial!