Idiotas

- Você é um idiota, ridículo!
- Idiota é você, seu imbecil!

Sempre impliquei muito com quem chamava alguém de "imbecil" ou de "idiota". Sempre combati essa linguagem, repreendendo e educando meus alunos quanto à impropriedade do termo utilizado até mesmo em brincadeiras. Meus pequenos estudos de Psicologia e a especialização em Psicopedagogia me ensinaram que a "idiotia" é o mais alto grau de comprometimento da capacidade cognitiva do indivíduo. Débil mental, imbecil e idiota formam, nessa ordem, relativamente ao grau do déficit intelectual, a tríade do que se chama "oligofrenia". Idiotas, portanto, são aqueles indivíduos portadores do menor grau de desenvolvimento intelectual. E isso não é brincadeira.

Ontem li um texto que falava da origem de algumas palavras. Lá no meio, estava "IDIOTA". Aguçou minha curiosidade. Estava escrito:

"Em Grego, idios significava 'pessoal, privado'.

Idiotes queria dizer 'indivíduo privado', no sentido de que ele não exercia um oficio público. A partir daí, a palavra passou a ter o sentido de 'homem comum' - ou seja, sem especial distinção - e depois começou a indicar 'sujeito ignorante, de pouca inteligência e pouca valia', pois não era capacitado para ter cargo oficial.

Do Grego esta palavra passou ao Latim como idiota, tal como é hoje usada em Português e Espanhol.
...
Há muito derivados de idios usados atualmente na área científica, como:

Idiócero - um tipo de inseto, de idios mais keras, "chifre".
Idiociclófano - um cristal que apresenta reflexos coloridos em anel, de idios mais kyklos, "círculo" mais phaínein, "brilhar, mostrar".
Idiomografia - descrição, estudo da linguagem, de idioma com graphein, "escrever".
Idiólatra - pessoa que adora a si mesma (coisa tão comum...), de idios mais latreúo, "adorar".
Idionomia - é a condição de organizações que seguem leis próprias, de idios e nomos, "lei, regra". Idiotismo - peculiaridade de determinado idioma. Em Português do Brasil, por exemplo, dizemos 'pois sim' quando queremos dizer não, e 'pois não' quando queremos dizer sim. Isto é um idiotismo. Quem tentar usar esta palavra como desaforo estará demonstrando ignorância. Não deve ser confundida com idiotice."

Um idiotismo é, portanto, para a Gramática, uma gíria, uma expressão idiomática, um modismo, uma "frase feita", uma expressão particular de uma língua.
O Dicionário Michaelis define IDIOTISMO assim:
s. m. 1. Med. Idiotice. 2. Gram. Dicção, termo ou expressão de uma língua, que não tem correspondente em outra.

Vemos, então, que há uma definição própria da Gramática e outra específica da Medicina. O articulista nos insta a não confundir com IDIOTICE que, por seu turno, é assim definida no mesmo dicionário já mencionado:
s. f. Ato ou expressão de idiota; idiotia, idiotismo.

De tudo o que se viu, remanesce a bronca: o "idiotismo" pode até ter dois significados (um na Medicina e outro na Gramática), mas o que se faz quando se chama alguém de "idiota", ou "imbecil" ou "débil mental" é demonstração de ignorância e de desrespeito, não com a criatura contra a qual desferimos o "xingamento", mas, realmente, com aqueles outros que, por infortúnio, possuem um défict intelectual.