Lendo, há poucos dias, uma entrevista antiga do Galeano, tive vontade de postar um trecho de seus dizeres, aqui.
Muito embora este não seja um blog temático e nada obstante assuntos políticos (eu quero dizer político-partidários) que dominam a mídia não sejam geralmente os escolhidos para publicação neste blog, não se pode negar que somos seres políticos e que certas questões não podem ficar de fora, certos papos não podem ser evitados.
Muito embora este não seja um blog temático e nada obstante assuntos políticos (eu quero dizer político-partidários) que dominam a mídia não sejam geralmente os escolhidos para publicação neste blog, não se pode negar que somos seres políticos e que certas questões não podem ficar de fora, certos papos não podem ser evitados.
Questões político-partidárias não ocupam os posts porque eu quero um blog leve, e é impossível manter a leveza, nesse particular. Mas as idéias sempre me fascinam. E às vezes eu não resisto ao seu encantamento. Comentários e posicionamentos bem articulados também me atraem. Bons papos regados a boas idéias e críticas são sempre um bom prato. Somos seres políticos. Até as bonecas são gregárias! E a política, o social, nos conectam.
Então, vamos falar (aliás, foi o Eduardo Galeano quem falou; eu vou apenas reproduzir) de Supergovernos que governam Governos, embargo à Cuba, ONU, FMI, Banco Mundial, armas, guerras e democracia.
Embora pareça chato, não é (e se você insitir que é chato é porque nunca ouviu Eduardo Galeano). É apenas um trecho da entrevista. A leitura flui. Não é nada diferente do que um dia você já tenha pensado ou dito, numa rodinha de amigos enquanto discutia os superpoderes de algumas Nações, mas eu gostaria que você lesse. Para reafirmar suas posições. Para relembrar que para mudar o mundo é preciso mudar as idéias.
Entrevistador:
A Assembléia Geral da ONU votou contra o embargo econômico a Cuba, mas o embargo continua.
E.Galeano:
Sim, porque a Assembléia Geral faz recomendações, não tem sentido prático. São apenas soluções simbólicas, porque não são resoluções, são recomendações ao poder exercido por um grupinho de países, que são, como se dizia antes, o grande escândalo do mundo.
Agora as Nações Unidas estão abençoando a guerra do Iraque, pois estão promovendo os processos eleitorais, e a nova Constituição, sob o patrocínio das Nações Unidas, quando todo mundo sabe que um país ocupado por potências estrangeiras não pode ter eleições livres.
Para mim está claríssimo que o mundo hoje não é democrático, está sendo dirigido por alguns organismos internacionais e são estes que decidem. Há um supergoverno que governa os governos. Por exemplo: o Banco Mundial decidiu que em 16 países a água deve ser propriedade privada de empresas. Esses 16 países foram obrigados a aceitar a privatização da água.
O FMI decide o ritmo das chuvas, a intensidade do amor dos amantes. Quantos países dirigem o FMI? Cinco, e dentro destes, sobretudo um. O Banco Mundial é mais democrático: são oito países. Por isso o nome "Mundial".
Quem decide as coisas dentro das Nações Unidas? Na Assembléia Geral estão todos, mas estes só formulam recomendações, quem toma decisões é o Conselho de Segurança onde cinco países têm direito a veto. Esses cinco países que prezam pela paz no mundo são os cinco principais produtores de armas. Ou seja: os que lucram com a tragédia humana são os anjos guardiões da paz mundial.
Enquanto o mundo não for capaz de mudar essa estrutura de poder não será democrático. E tampouco haverá paz, pois se as guerras necessitam de armas, as armas também necessitam de guerras."
9 comentários:
100% de acordo. Também penso muitas vezes no poder desses cinco países e no perigo que representa um planeta estar à mercê de meia dúzia de homens...
Compreendo perfeitamente o teu ponto de vista, Suzi.
Lá porque prefiro manter um blog light isso não significa que esteja alienado da realidade… Esta entrevista que postas é bem pertinente e faz pensar no nosso papel neste mundo que, na minha opinião, é de simples marionetas movidas pelas grandes potencias mundiais…
Eduardo Galeano,não podia ser mais claro. Está aí tudo, com uma simplicidade assustadora. É como se caminhássemos constantemente numa corda bamba. A qualquer momento pode abanar e com resultados imprevisíveis...
Gostei do post.
Mas infelizmente ele serve apenas para reflexão.Nada mais.Infelizmente.
Beijos
Amigão, estás deveras pessimista, hoje, hein??
:o)
Martinha, Luís F. e Ccc,
não sei se é triste ou se é motivo de esperança saber que daqui e daí percebemos a mesma coisa...
beijos e bom final de semana, queridos!
POxa Suzi eu escrevi um longo comentário sobre essa entrevista aqui, mas o blogger me boicotou e eu perdi. De todas as formas, entendo o Amigao, ando um pouco pessimista. É estranho ver aqueles líderes que tentam mudar algo ser chamado de idiotas. Pra ser sincero, vejo mais verdade na atitude dos Evos e Chavez da vida do que em alguns "bem intencionados" nacionais.
Já leu o livro "A volta dos idiotas" que saiu há um tempo atrás?
Bem... post mais sobre política rs. Bj! Inté!
Que pena o boicote do blogger, Vidal... Isso é coisa do Bush! :o))
Não conheço o livro. Mas o título é curioso. Vou pesquisar.
bj!
p.s.
parafraseando o zeca baleiro...
"ando tão à flor da pele que qualquer papo de política me faz chorar..."
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