É de causar espécie que o homem que disse que "toda mulher gosta de apanhar" e "os homens adoram ser traídos" também tenha escrito com delicadeza que "quem experimenta o verdadeiro amor já não sabe viver sem ele."
"6 - Cabe então a pergunta: pode-se saber quando um amor morre ou, por outra, quando um amor começa a morrer? Nem sempre são as grandes causas que liquidam o amor. Às vezes, ou quase sempre, o que decide é a soma de pequeninos motivos. Um incidente mínimo pode valer mais que um insulto grave, uma ofensa mortal. Por exemplo: um bate-boca. Eu vos digo que é no primeiro bate-boca que o sentimento amoroso começa a morrer.
7 - Contei, aqui mesmo, nesta coluna, o caso daqueles namorados da Tijuca (da Tijuca ou de Haddock Lobo, não me lembro bem). Era um amor de novela, de filme. 'Nasceram um para o outro', diziam. E era tal o agarramento que, certa vez, no cinema, o vaga-lume incidiu sobre eles a lanterna. Houve, ali, um pequeno escândalo, felizmente abafado. Mas como eu ia dizendo: todo mundo estava convencido de que nada alteraria aquele amor, assim na terra como no céu. Até que, uma tarde, ele tem uma pequenina impaciência com a bem-amada, e deixa escapar um 'não chateia'.
8 - parece pouco. E foi muito, foi tudo. Essa interjeição ordinária, essa expressão vil era uma mácula definitiva. Naquele justo momento, o amor aodeceu para morrer. Todos os fracassos matrimoniais vêm da soma - repito - da soma de todos os 'não chateia', de todos os 'não amole', que vamos largando pela vida. A mulher que é simplesmente chamada de 'chata' teria preferido uma ofensa mais grave e brutal.
9 - Eu sempre digo que não é na recepção do Itamarati que devemos ser perfeitos. Não. Devemos reservar o melhor de nós mesmos, de nossa delicadeza, de nossa cerimônia, de nosso charme, para a mais secreta intimidade do lar. É menos grave chamar de 'chato' um embaixador, um ministro, do que o namorado, a noiva, a esposa, o marido. Se respeitássemos o nosso amor, não seríamos tão solitários e tão malqueridos."
FIM
Folha de São Paulo, 22/12/1980
E então, depois disso, NR morreu.
E então, depois disso, NR morreu.
12 comentários:
Oi Lindinha...vim só te dar um "hello". Estive sumida pq estava doentinha, de cama mesmo...gripe forte!
Mas assim que colocar meu trabalho em dia, volto com tudo. Assim espero!
beijocas
Dodói, Gio? Achei que estava se divertindo na viagem...
:o(
Melhoras. E se quiser um chazinho bem quentinho, eu levo, tá?
Bj!
simplesmente perfeito :}
smacks!!! boa semana!!!
Boa semana pra você também, Nina.
E cuide bem do seu amor!
;o)
eu vou imprimir...vou ler com muuuuuuuuuuuuita calma..ainda surpresa com o Tio NR!
* email respondido, boneca curiosa...kkkkkkkkkkkkkkkk
beijos
e-mail lido, "e rido"!
;o)
Desde cedo vindo aqui sem conseguir falar nada, entro muda e saio calada,rss
Muito interessante esse série Nelson colocada aqui, valeu mesmo saber que o homem tinha seu lado romântico e nada machista, gostei!
OR mandou recado pra você e povo do RJ, disse que gosta muito de todos e por vcs estaria aqui, mas...mandou beijos..recado dado ;)
linda noite,bunita
beijosssssssssssssss
Tu, muito sabiamente, guardaste o melhor para final, que, no caso, até foi a primeira das últimas crónicas. Fico na minha, a que mais gostei de ler foi, sem dúvida, a anterior a esta. Acho que ele esteve muito bem. Boa noite!
É, Marcinha, eu também fiquei assim, ó! Queixo caído!
Quanto ao querido Mágico de Or, ele bem podia estar em dois lugares ao mesmo tempo... Mágico serve pra quê?? rs*
Beijinhos meus pra você e pra ele também!
É, Miguel. Acho que aquilo de ele escrever que "quem experimenta o verdadeiro amor já não sabe viver sem ele" nos tocou a todos, não é mesmo?
Beijitos e boa noite, querido!
;o)
E pela tua "pena" ficámos a conhecer o romantismo de NR.
Esqueçamos o machismo ....
Isso, Ccc.
Deste NR que apresentei eu bem que gostei!
;o)
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