quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Mario Quintana

Hoje, no Rio, chove como em São Paulo. Garoa.
Não é muito comum chover assim por aqui. Acho que o Rio, como eu, é muito intenso. Muito sol, muita chuva. Sempre muito. Talvez por isso eu ache muito despropositado esse meio termo - hoje está meio calor, hoje está meio frio... No Rio, parece que não há meio termo; e quando há, a gente diz que o Rio não tá com cara de Rio. Como nos dias cinzas. Como quem vai à praia de manhã e volta meia hora depois. Como beber água de coco e não pedir pra abrir o coco pra comer a parte de dentro. Como estar na fila do banco, entrar mudo e sair calado. Não; a gente faz amigo na fila do banco. Se não faz, as coisas ficaram pela metade; a gente só pagou a conta. Isso não é Rio de Janeiro. É meio estranho. E meio estranho é um meio termo... Nem assusta nem encanta. Coisas "mais ou menos" quase acontecem. E quase sempre isso é um quase-nada. Por isso não funcionam. Então, chuvinha pouca é bobagem... Por isso gosto das chuvas de verão.

Havia um poema do Quintana que falava da chuva de um jeito tão doce e ao mesmo tempo tão melancólico... E eu, quando o li pela primeira vez, imaginei a chuva caindo - não uma chuva fraquinha como a de agora, mas torrencial - a chuva caindo e ele escrevendo com letras trêmulas; não sei se Mario Quintana tinha a letra trêmula, mas era assim na minha imaginação ele escrevendo aquilo. Trêmulas, talvez, de saudades, porque se pode tremer de saudades como se treme de frio, de febre. E Quintana, depois de três linhas de letras trêmulas e sentimentais, colocando a caneta de lado, recostando-se na poltrona e esticando as pernas pra frente, apoiaria as mãos, cruzadas, por trás da cabeça, e num suspiro profundo repetiria as palavras que haviam saído de dentro dele, anotadas no papel. Faria isso umas três vezes, essa repetição, como se não acreditasse que fosse mesmo assim, mas já se dando conta do inevitável: há chuva, há poemas que por acaso eu escrevo; há o passado, a saudade, o que foi, o que vem, há tantas coisas como há tanta chuva!
E então, depois de olhar a janela molhada, escorrendo água, pegaria seus óculos, retomaria a caneta e escreveria, então, por acaso, um poema. Do século XVIII.


Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!

(Mario Quintana in "Preparativos de Viagem")


27 comentários:

Anônimo disse...

ai que eu amo esse homem...amo.....

Alba Regina disse...

graças a minha sis ... ganhei quintana de presente. aqui está um friozinho muito gostoso. e, devo confessar: adoro dias nublados. beijo querida. ;)

Anônimo disse...

Carioca precisa mesmo fazer terapia para enfrentar uns chuvisquinhos, hehehe.

Beijos de céu azul.

C. disse...

Puxa! Nem sabia que vc andava doente! Fique boa logo, viu?

beijins

Gioconda disse...

hummm somos gêmeas mesmo!
E tb adoro Quintana. E também adoro água de coco. mas confesso que odeio aquela carinha branca...eca! hehehe
bjs

Taia disse...

Eu não devo ser carioca então.
Eu amo esse tempo cinza, essa chuva fina, mas gosto de temporais, de sol forte e céu azul também.
Ah, eu NUNCA converso em fila de banco. Aliás, eu não vou a fila de banco, internet bank please! E quando estou naquelas filas da C&A, Leader Magazine...Não converso, haha. Antipáticaaaaaaaaaa......
E fala a verdade: você sempre pensa em mim nos dias de chuva né?!
Beijão Tri!

Taia disse...

Ah...eu não abro o coco!
hahaha

Gioconda disse...

ahhh tenho que concordar com a taia. Eu tb NUNCA converso em fila de banco. Dou, no maximo, aquele risinho amarelo. Odeio estas conversinhas que vc é obrigado a ter com quem nem conhece...

Ana disse...

Por aqui chove torrencialmente, faz frio, faz calor, faz sol, e tempo pesado, troveja... É só escolher. Tá uma confusão! *

Suzi disse...

Moniquete, somos duas, querida. Duas!
:o)

Suzi disse...

bibinha, esse friozinho é bom pra ficar lendo na cama; mas pra sair e encarar o trabalho na rua...
:o(

Suzi disse...

ahahahahaha
Or, sabe que vc tem razão, menino? Eu preciso de análise, daquelas que psicoterapia breve não resolve, sabe??
:o))

Suzi disse...

norinha,
tô melhorando; o lance é que o tempo esfria, cai chuva, aí a moleza volta, junto com a febrinha. mas o primeiro dia foi o pior de todos.
tô ficando boa!
obrigada pelo carinho.
;o)

Suzi disse...

ai, gio,
mas aquela carninha branquinha e molinha, de dentro é uma delíiiiiicia!!!
rs
eu adoro!!

Suzi disse...

Taia, tri, querida,
o teu lance é outro; já viu sua tez branquinha e macia??? teu sangue é europeu, minha irmã.
Nossos pais viajavam muito; e entre o tempo de tirar a primeira das trigêmeas e a última, viajamos da África pra Europa. E deu nisso. Eu assim, você assada. Mais precisamente. Vc assim e eu assada! rsrsrsrs

P.S. - Gio nasceu pros lados da Argentina.

(hohohoho!!! piadinha interna, ao gosto de Gio e Moniquete)

Suzi disse...

e vcs duas, taia e gio,
tratem de ser mais sociáveis.
mamãe não nos ensinou assim. devemos sorrir e desejar bom dia pro pessoal da fila. já não basta a irritação de ficar numa espera sem-fim?? vamos ser gentis; não precisa contar da vida, mas usem a conversa na fila pra deixar escapar um texto de Clarice, Vinicius, Quintana, Pessoa, Florbela...

:o))

Suzi disse...

ana, vou te mandar a taia pelo correio.
vc pega a encomenda?
ela adora isso e você vai adorar conhecê-la.
quando aparecer o sol por aí vc me manda pelo correio também?
tô esperando!

:o)

Alberto Oliveira disse...

Em Lisboa também chove; mas estamos no Outono e no Outono é imperioso que chova... neste lado do Atlântico. Não conheço Mario Quintana, mas deixo um poeminha meu


Não há meio-termo não
nem sequer assim-assim;
porque não é sempre Verão
e chove dentro de mim?


Um belo dia para si!

beijos.

Gioconda disse...

ser dordial, dar bom dia, estas coisa : SEMPRE.
O que não rola é gente querendo conversar, falar do supermercado, da poltica, discutir a solução para o Brasil. A mesma coisa quando vc anda de táxi. O cara resolve contar o dia dele inteirinhoooooo. ô, não há quem aguente!
bjs

Mosana disse...

nossa mulher.. q coisa!
aki o tempo anda mermo uma meleca!
beijos

Anônimo disse...

E chove sem parar, inveja de sampa com seu casaco cinza e uísque pra esquentar, aff! quero carninha molinha, melequenta de dentro do coco, quero água pra beber não para me enxagüar, hoje coneversei tanto com alguem que nunca tinha visto, trocamos até livros, saldo positivo de uma manhã básica num salão de beleza, mar da minha janela chumbo, quero-o azulesverdeado como só ele sabe ser...
Melhoras bonita, não dá mole pra febre, promete que se cuida? humrum...te cuido.
linda noite flor
beijosssssssssssss

Suzi disse...

legível,
poeminha mais doce, esse, hein??

(descubra Quintana; você vai gostar do bom velhinho)

bj!

Suzi disse...

ahahahaha!!!
gio, discutir política??? preço do pão, da passagem, do feijão? nem pensar!!!!

agora, motorista de táxi de verdade é o do taxitramas, né?
ainda vou linkar o cara; pura falta de disposição de mexer nesse template... mas o cara é bom escrevendo; e Caio Fernando Abreu devia gostar de andar de táxi com ele...
rs*

Suzi disse...

momô, parece que não acabam nunca de lavar o terraço, né??
êeeee!!
melhoras pro filhote!

Suzi disse...

prometo que me cuido, clarinha. cuida-me, com tuas letrinhas que brincam por lá e por cá.
imagine amoras e coco branquinho misturados...
hummmmm...
delícia!!!

Taia disse...

Ai caracoles, eu vou de correio pra onde?
Vou de caixa ou envelope?
Ai que meda, manda o selo pra volta!!!!!
Mas Tri, eu sou educadíssima!
Bom dia, tudo bem, pralálá...
Mas...eu e gio temos algo em comum, hahahaha
Beijoca!

Suzi disse...

taia,
imagine se eu quis dizer que minhas tri não são educadinhas...

se bem que, gio, vamos combinar: a taia é a única sem rótulo, né?
recapitulando: pedante, explosiva malcriada e, agora, com vocês, respeitável público: a antipática!
ahahahahaha!!!!

e taia, você está indo pra portugal, pegar chuvinha na varanda da ana; mas o sedex da volta já está pago, fica tranqüila. vc tem de voltar a tempo de "lavar roupa, no domingo", lembra??

bjs!!