Pois eu tomei um banho que terminou com Ekos de castanha no corpo, coloquei um jeans confortável e personalizado ("customizado" como diriam alguns - e as estrelinhas que coloquei são tão lindas...), fiz um rabo-de-cavalo, joguei um pouquinho de Paloma Picasso no ar e passei correndo por baixo (vi isso num filme e achei o máximo!! - mesmo achando um desperdício, já que me restam apenas poucas gotas de um perfume que eu amo mas nem quero mais comprar por questões filosóficas ou de princípios, como se queira chamar), coloquei uma blusa de decote quadrado que eu simplesmente amo, calcei uma botinha com meias confortáveis e macias, peguei a bolsa, cartão do banco, chave do carro, e estava pronta. Quase. Vi-me sem cor, nos espelhos, que são tantos, pela casa; pálida, esquálida, reflexo de dias e noites em reclusão na última semana, senti uma necessidade imensa do calor do sol por toda a minha pele. Passei um batom. Disfarce medíocre, mas profícuo. Respirei fundo. Dei-me um sorriso. Enfim estava pronta pra ganhar a rua, depois de tanto tempo. Ocorreu-me telefonar, antes. Descobri, então, que era desnecessário percorrer 20km pra resolver o caso. Um trajeto menor, de talvez dois mil metros, e eu já daria início a tudo daqui mesmo, de tão perto. Ótimo, pensei. Acomodei-me um pouco, pelos 18 quilômetros desprezados. Li Clarice Lispector, fragmentos, que dizia, então, em algum ponto: "A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade?", e perdi-me debatendo mentalmente essa idéia aparentemente simplista. Um cheiro de terra molhada invade a casa e é o vento trazendo a chuva, que não se demora nem mais dois minutos. Barulho de água caindo do céu, batendo nas folhas, escorrendo no chão. Um giro no corpo e eu vejo pelas luzes da rua o caminho da chuva no começo da noite. Ela vem na direção da varanda, como se quisesse dar de beber às flores, e então aumenta a intensidade, como se, sôfrega, quisesse logo chegar. Fico ali fitando o espetáculo, que já na próxima rajada se move em outra direção. E agora ela cai intensa, firme, numa linha, vertical. E é ainda pela luz da rua que eu consigo ver o desenho da chuva, que vai alternando entre deitar seus pingos brandamente e cair em abundância sobre a terra já umedecida. Não vejo a lua. Aos poucos, tiro os sapatos... E mantendo as meias confortáveis nos pés, solto os cabelos, recosto-me no travesseiro, chamo Vander Lee pra cantar "Meu Jardim", e deixo para amanhã os problemas do mundo. Com licença, porque "tô relendo minha lida, minha alma / meus amores / to revendo minha luta, minha vida / meus valores / refazendo minhas forças, minhas fontes / meus favores / tô regando minhas folhas, minhas faces / minhas flores / tô limpando minha casa, minha cama / meu quartinho / tô soprando minha brasa, minha brisa / meu anjinho / tô bebendo minhas culpas, meu veneno / meu vinho / escrevendo minhas cartas, meu começo / meu caminho / estou podando meu jardim / estou cuidando bem de mim."
14 comentários:
Adoro Wander Lee!!!
é menina bonita estás precisando que chegue logo a Primavera.....dê um sorriso de verdde agora.....
Cara Suzi...bota uma foto tua no profile...para ver se a cara bate com o texto ;)
texto lindo, boneca....beijo grande
* recadinho pra gb: te digo q a carinha da moça bate, sim, e muito bem com o texto...digo com conhecimneto de causa, ok?
adorei.. e vide td minhas nostalgia atual.. trouxe lagrimas aos olhos..
quero a primavera logo tb..
beijos
Aninha, Vander Lee canta de um modo tremendamente singular. Eu amo! E acabo de ganhar de presente o mais novo CD. Ê, coisa boa!!!
;o)
Fernando, o sorriso de verdade tá aqui, ó. Disso não se pode abrir mão, nas quatro estações!!
:o)
gb,
há imagens tão lindas, no blog...
eu não gostaria de cortar a onda.
rs*
bj!
e, carinhosamente, aqui vão as boas-vindas!!!
volte sempre, viu?
;o)
moniquete, a noite também foi linda.
* e não exagera...
bj!!
;o)
ajornalistabh,
vander lee é tudo de bom pro Brasil inteiro!!! aqui em casa ele tem cadeira cativa!
;o)
Ô, momô... a primavera tá chegando. Faltam poucos dias. Tudo será festa e cor!
;o)
Que bom seu sorriso, estava te sentindo tristinha e vc não merece. Ria mesmo todos os dias.
ledo engano, fernando.
eu não estive triste. não mesmo!
apenas vendo a chuva cair, pensando, ouvindo vander lee, e deixando tudo o mais pra amanhã, que, por acaso, foi hoje.
nenhum traço de tristeza.
ainda bem!
:o)
Como é bom errar, assim fico satisfeito!!!!!gostei do ledo engano, rs!!
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